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quarta-feira, 4 de julho de 2007

Mi casa su casa

Kerouac antes de escrever "On the road" se preocupava em contar quantos caracteres conseguia escrever no seu dia-a-dia. A minha preocupação é se conseguirei escrever todos os dias...hoje tem uma preparação na minha casa, arrumar os quartos, levar o que não se ultiliza tanto pra chácara, fazer uma geral. Aqui com 3 quartos é uma luta constante de sobrevivência. Antes de me estabelecer, de chegar com um filho na barriga, a divisão era: o quarto maior dos meus pais, o quarto do meio da minha avó, e o último da minha irmã. Depois da minha vinda, o quarto maior ficou comigo, o da minha avó não tem como mexer, pois ela tem mal de alzheimer, ali virou o canto da espera, o da minha irmã agora é dela e dos meus pais. Só que a minha mãe dorme lá, meu pai no colchão da sala. E não sei quando aconteceu mas ele foi perdendo espaço na casa. Suas roupas ficam separadas em pequenas bolsas, seus documentos embaixo do sofá...e amanhã ele vai se internar pra se preparar para cirurgia. Esse fato não irá só modificar a visão de mundo dele, mas acho que já estará atravessando o nosso singelo cotidiano. Ele vai ter que voltar pro quarto que um dia foi dele, dormir na cama de casal, ter o conforto de um cômodo com banheiro. Eu vou pro quarto da irmã, que não cabe mais nada, junto com o moleque e minha mãe, que provavelmente terá que dormir na sala. Há uma inversão de papéis, a família patriarcal aqui é matriarcal, e a comandate terá que se contentar com o colchão da sala. Aliás, esse colchãozinho que tanto me agrada, porque é nele que em algumas madrugadas tenho uma certa privacidade. É aqui é pior que república, mas me sinto em casa, embora não seja a minha casa.

Um comentário:

Anônimo disse...

...se tivesse algum padrão, nao faria o menos sentido. è neste ambiente, que a escrita se faz valente...!