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quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

" A vida como ela é.."

E houve o tempo que eles nem pensavam em se conhecer. Isso há quase dez anos, ela entrando na faculdade, cursando ciências socias. Ele voltando ao seu Brasil, cheio de perspectivas. Ela namorou o carinha que morava bem perto do sobrado dele. Iam nas mesmas baladas, domingo escutar Grass no Stones. Mas pelo traço do destino não se conheceram. Ela se mandou dali, foi morar em outro Estado. Ele começou a estudar Letras na mesma universidade que ela tinha experimentado as sociais. Fumaram na mesma árvore, frequentaram o mesmo D.A, mas já estavam caminhando para lados opostos. Ela voltava de férias e queria curtir a vida, sem preocupações, fugia do apaixonar-se ( embora às vezes caia na própria armadilha).
Ele se apaixonou e se grudou por anos, sempre foi romântico, contudo, tinha muito ainda que amadurecer. Ele ficava com a namorada no quarto, ela nos quintais da vida. Ele desceu pra tomar água. Passou por ela, mas não se olharam. Ela estava num canto sozinha, já não mais feliz, aquilo tudo não fazia sentido. Ele foi se decepcionando também, precisou de ajuda, foi escolhido pela solidão. Ela tirou a sorte grande: fez um companheiro pro resto da vida, o filho, abençoado, ela sorriu com lágrimas nos olhos novamente. Já não amamentava mais quando decidiu sair, queria chegar cedo pra ficar com o pequeno. Foi num bar encontrar a melhor amiga, sentou sozinha na mesa e só prestava atenção no som. O som era dele, sim, ele estava no palco, tocando e eles se olharam. Na verdade, ela olhou pra ele e como estava sem óculos não tinha certeza se ele estava olhando para ela também. Mesmo fora de foco, ela o achou lindo...e a amiga chegou. Finalizado o show a amiga o apresentou. Cena de filme, eles se encontraram. Mas não seria daquela vez, ele estava com o coração partido, não tinha como olhar pra ela do jeito que ela queria. Não se viram por seis meses, ele se apaixonou novamente, ela não conseguia se interessar mais. Tudo tinha mudado, as pessoas ainda tinham um gosto artificial. Se encontraram novamente, conversaram, tentaram não se apaixonar. Mas ela tinha caído em sua própria armadilha, amou-o desesperadamente, sem querer amar. Tinha medo, ainda não sabia lidar com toda aquela novidade. Cafés de madrugada, conversas ao pé do ouvido, cinemas, constelações, risadas, cervejinhas, daft punk, ruídos na comunicação, mensagens de celular, declarações, flores, passeios no parque, bolos de banana, cartas, choro, tudo isso compunha o romance. E eles querem se casar, ela quer que seja no meio do mato, ela : descalça, com um vestido hippie branco, e uma coroa de flores na cabeça. Ele vai busca-la no trabalho, ela fica atenta olhando e já sabe. É o verdadeiro amor da sua vida. E fica aliviada de já tê-lo encontrado. Ele sempre esteve ali, ela também sempre cruzou a sua vida. E houve o tempo que eles nem pensavam em se conhecer, e houve o tempo que eles quase se esbarraram, e houve o tempo que não teve mais jeito, tudo ficou ajeitado e foi se ajeitando para que as almas se olhassem. Como diria Nelson Rodrigues, "a vida como ela é..."