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sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

“Feliz Natal” estréia na programação do 6° Festival de Cinema de Campo Grande


Caio, um homem na faixa dos 40, após ficar anos longe da família resolve voltar em pleno natal. Esse é o cenário do primeiro longa do novato diretor Selton Mello, intitulado “Feliz Natal”, que está participando da mostra competitiva do 6° Festival de Cinema de Campo Grande.
A volta do filho renegado lembra um pouco “Lavoura Arcaica”, filme de Luiz Fernando Carvalho, em que Selton vive o protagonista André. Baseado na obra de Raduan Nassar, “Lavoura Arcaica” traz uma atmosfera pesada e poética da convivência familiar.
E “Feliz Natal” não foge à regra, até parece ser uma continuação deste, André se transfere nas inconstâncias de Caio. O filme transmite a angústia de cada personagem, e a solidão que desespera cada um nos encontros de fim-de-ano.
Dirigido e escrito por Selton, o filme traz um elenco escolhido a dedo, nomes como Darlene Glória, Lúcio Mauro (que finalmente mostrou sua versão dramática), além de Leonardo Medeiros ,Graziella Moretto, Paulo Guarnieri e o menino Fabrício Reis , o longa relata as expectativas e desilusões que vão se entrelaçando na narrativa, sendo alteradas pela presença do protagonista.
Caio, interpretado por Leonardo Medeiros, decide voltar pra casa, encontra a mãe entorpecida de remédios e álcool, o pai que não consegue lhe perdoar, a cunhada que tenta segurar a barra, mas também passa por crises, o irmão bem-sucedido que lhe despreza, enfim, reencontra todas as nuances da sua família numa festa de natal.
Darlene Glória com seus olhos de ressaca interpreta a dissimulada Mércia, mãe de Caio, grande sacada de Selton, pois ele a conheceu durante as gravações de seu antigo programa no Canal Brasil “Tarja Preta”, se encantou tanto com a atriz que mesmo com o roteiro já finalizado resolveu incluí-la na trama.
Lúcio Mauro deixa a comédia de lado e surge como o pai rancoroso, o velho safado que tenta transparecer que se deu bem na vida. Já Paulo Guarnieri se apresenta como o irmão de Caio, Théo, aquela figura típica que existe em toda família, consegue sustentar a todos, mas não tem o controle da própria vida. Graziella Moretto também mais conhecida pelos os seus papéis cômicos, desenvolve de forma autêntica a cunhada Fabiana que tenta se esconder atrás do sorriso amarelo. Se a sua nudez no filme trouxe polêmica na classe artística, tendo até manifesto antinudez defendido pelo ator Pedro Cardoso, o que se presencia durante a cena não é uma nudez desmedida, com aspectos pornográficos, mas sim uma nudez que serve de parâmetro para todos os transtornos da própria personagem.
Selton que já vinha experimentando estar por trás das câmeras há algum tempo, produzia e dirigia “Tarja Preta”, também dirigiu um vídeoclip da banda IRA! conseguiu realizar um filme denso, angustiante, difícil de ser engolido. Levou para a casa três prêmios no Festival de Cinema de Paulínia , incluindo melhor direção , melhor atriz coadjuvante (Darlene Glória e Graziella Moretto) e Menção Especial (Fabrício Reis), faturou mais cinco prêmios no Festival de Cinema do Paraná e mais nove no FestCine de Goiânia.
Para quem não viu, fica a dica, até o dia 24 desse mês está em cartaz na programação do 6 ° Festival de Cinema de Campo Grande, no Cinecultura, que fica no Pátio Avenida.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Das antigas

Não me sinto mais só
Antônio preenche o medo
meu tormento de ser sozinha

Ainda perdida,
melhor desiludida
Amadurecida

Vou calar-me
exigir o que é impossível
Pra quê?

Violações, desrespeito
eis o casamento
Censura, omissão

Você máquina de escrever
será minha válvula de escape
sem entorpecentes

Lúcida, sigo
Nova, transposta
a uma vida
de meu ventre
nasce a salavação!

06/06/06

domingo, 4 de janeiro de 2009

Ausência


Quando a gente começa a ser adulto, os problemas saem do plano teórico e passam a se concretizar. Renato, pai do meu filho, veio visitá-lo. Ficou 6 dias e partiu o coração dele. Antônio sempre pergunta do pai, por mais que a figura paterna esteja inserida no meu próprio pai, ele ( Antônio) tem a necessidade de ter a presença desse pai ausente por perto. Mostro fotos, ligo, falo pelo MSN, tento manter esse vínculo. Dessa vez, o meu filho já conseguiu demonstrar toda a fragilidade que envolve o seu pequenino ser. O pai estava tentand0 explicar que tinha que partir. Ele chorava aos berros: - Papai, não me deixe, eu vou com você...não vou deixar você ir. Imaginem como fiquei. Aquela criaturinha já estava sofrendo as consequências do que fiz da minha vida, e já que ele veio do meu ventre, era a sua própria realidade que estava presenciando. Não tem nem 3 anos e sente a dor da partida, a saudade e a estranheza do pai não viver com ele. E alguns dias atrás ele se queixou que às vezes eu desapareço, muitas vezes quando tem um monte de gente na chácara, dou uma escapada e vou para a cidade, e volto no outro dia na hora do almoço. E fazia isso achando que ele não sentia a minha falta. Pois ele veio todo sentido falar que fica me procurando e não me acha. Como eu nunca tinha percebido que na verdade ele me vê como mãe mesmo?? Às vezes por não ser uma mãe padrão, percebo isso principalmente quando vou pegar Antônio na escolinha, todas as mães chegam bem vestidas, de salto alto, e elas tem cara de mãe, eu chego de moletom, chinelo e sem pentear o cabelo. Fico me questionando se a minha postura é encarada como a de uma mãe ou se na verdade ele me vê como uma irmã mais velha. E agora sei, que por mais que a aparência não me mostre como uma mãe, fazendo uma radiografia, que só ele pode fazer e sentir, sou eu a mãezinha dele. E à partir disso, desde a época que a minha barriga ficou enorme, eu já sabia que seria mãe, e a minha vida ter virado de ponta cabeça por causa disso, são nesses momentos que se levam marteladas na consciência. E são esses os problemas reais, os outros começam a se desfigurar, porque tentamos camuflar o que realmente interessa. E é ele o amor da minha vida. O coração dói de verdade quando o vejo chorar. Nunca tive amor maior que esse. E o resto não me interessa mais. Agora só quero aquilo que irá me fortalecer para seguir em frente.