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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Receita de ano-novo

Ingredientes:

Humildade

Coragem

Perseverança

Amigos

Amor

Cheiro de Antônio

Confiança

banho de rio

novo toque de despertador

tequila

agenda nova



Modo de fazer:

Primeiramente repense todas as "merdas" cometidas, julgue as melhores, de maior qualificação, não tente entender as causas, vá direto para as consequências, ultilize-as para se equilibrar e jogue uma dose de humildade: você aprendeu bastante, nada foi em vão, agora bola pra frente! ( e foda-se o goleiro!).

Depois dessa sessão de terapia gratuita consigo mesma, estabeleça metas, o que você realmente deseja?? Eu, por exemplo, quero continuar sendo eu, só que um pouco melhorada, pra isso tenho que alcançar minha independência, e isso requer : 2 xicaras de coragem ( o ânimo vem de amostra grátis) misturadas com 2 xícaras e 1/2 de perseverança. Esse será o ano dos estudos, desculpa amigos mas vou sumir do mapa pra tentar ser alguém mais feliz.

Logo após a coragem e a perseverança serem misturadas, a humildade vai junto com elas ao fogo, deixe ferver por alguns meses, sentirei saudade dos amigos, vou ter que reuni-los, vai bater a solidão, a vontade de sair, assim como eu, você pode ligar  pra todo mundo e fazer uma reuniaõzinha em casa. O amor persistirá, e tudo estará pronto pra ir ao forno.

Antes coloque um pouco de cheiro de Antônio, que vai bem com todas as coisas. Beije-o bastante, cheire o seu cangote, faça cafuné, se derreta em amor. Eis o segredo da receita.

Quase pronto.....ponha uma pitada de confiança no seu ser. Fundamental para o crescimento como fermento!

Deguste o seu novo-ano num banho de rio, mergulhe e se livre das energias negativas, brinde a vida com margueritas feitas por Dona Líbera, ela faz as melhores da região, com 2 já vai ficar relaxada e rir à toa.

Compre uma agenda nova e comece anotar tudo....todos os dias ! Troque o toque do despertador, música do Almir Sater não acorda ninguém, embala, então coloque um galo chato mesmo, e aprenda : acordar cedo é garantia de longevidade!

A hora é agora!

Feliz ano-novo!




quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Antes que o mundo acabe

Antes que o mundo acabe quero dizer para a minha terapeuta que sempre soube que ela me achava uma idiota, por isso não conseguia me mostrar de forma verossímil.

Antes que o mundo acabe quero colocar no outdoor que tem na frente da Uniderp uma foto demonstrando a sujeira que é aquele lugar, já que as pessoas que estudam ali não usam o olfato, vão ter que usar a visão pra descobrir que elas fazem daquele lugar um lixo ( literalmente: estacione o seu carro naquele descida paralela a rua ceará e olhe as ruelas cheias de papel, garrafas de cerveja, bitucas de cigarros, camisinhas usadas, tudo perfeito para proliferar a dengue....).

Antes que o mundo acabe quero cuspir na cara de cada fazendeiro que se acha o dono da verdade, que pensa que a terra serve apenas para dar lucro.

Antes que o mundo acabe quero mostrar o dedo para aqueles que não dão seta, por acaso eles acham que dar seta gasta gasolina??

Antes que o mundo acabe quero parabenizar as mulheres que tomam a frente, que tem atitude e que não esperam do outro a mudança necessária.

Antes que o mundo acabe quero levar o Antônio para ver as luzes da cidade, quero mostrar pro meu menino que a vida ainda vale a pena.

Antes que o mundo acabe quero fazer uma faxina geral na casa da minha mãe igual a gente assiste naqueles programas de TV ( sabe o recinto antes e depois da reforma?).

Antes que o mundo acabe quero quebrar todos os laptops, tablets, computadores da minha casa, televisão, celulares, e viver sem toda essa parafernália infernal que faz com que cada um fique apenas no seu mundinho burguês, sem emoções.

Antes que o mundo acabe quero tomar um banho de rio.

Antes que o mundo acabe quero dizer aos ex-amores que nunca os amei.

Antes que o mundo acabe quero aprender a fazer feijão.

Antes que o mundo acabe quero reencontrar os amigos distantes, nem que se for para ser em sonhos.

Antes que o mundo acabe quero queimar dinheiro igual  Christopher McCandless fez em "Into the Wild", bem como fazer uma viagem daquelas, sem lenço e sem documento.

Antes que o mundo acabe quero acreditar num novo mundo.

Antes que o mundo acabe quero levar meu pai pra Assunción.

Antes que o mundo acabe quero poder provar pra minha mãe que sou forte e capaz como ela.



"Antes que o mundo se acabe


Antes que acabe em nós

Nosso desejo".





quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Porque hoje é dia 12/12/12.

Porque meu filho pintou uma borboleta linda.

Porque limpei a cozinha nos seus mínimos detalhes.

Porque sobrou vodka e tequila.

Porque "Bêbados Habilidosos" completa 22 anos.

Porque você não atende a porra do celular.

Porque só as mães são felizes.

Porque as loiras não tem tanta graça.

Porque um traveco e uma lésbica podem se apaixonar.

Porque amanhã tem manifestação contra a homofobia na Orla morena.

Porque o céu de Campo Grande é o mais lindo.

Porque gosto de lavar louça.

Porque ainda não lavei a sua camisa.

Porque a barriga ronca.

Porque tenho saudade.

Porque você mora tão longe.

Porque tenho vontades insaciáveis.

Porque tenho vontade de sair sozinha.

Por quê?

Não sei  por que tudo isso.
Nova era,
Novos portais,
acredito
em silêncio
na desenvoltura
dos maracás
e das sereias
se embelezando.

No baixo marcante do blues.
No meu corpo se entrelaçando
na melodia,
cabeça baixa,
olhos fechados,
despreendimento

E já não sei mais o que dizer.
Chega por hoje.





quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Vai tomar no cú Pollyana!

Fato: não estou conseguindo estudar.
Há duas semanas me juntei a um coletivo e desde então me vi com energia pra fazer algo que realmente me interessa, fizemos nossa manifestação e ao longo dessa semana estamos nos reunindo para seguir com a nossa luta.
Parece que a menina Pollyana resolveu sair do casulo, finalmente está tendo postura de falar e se sentir ouvida, ela agora tem o que falar.
Por mais que ainda exista muitos conservadores em seu caminho, Pollyana cansada de guerra quer pintar o rosto e partir pra guerra.
Assim acontece quando ela comenta "post" de gente preconceituosa, e sim gasta um tempo pra isso.
Quando vai ao salão e ouve alguém repudiar os índios.
E fala.....não fica mais quieta, não tem medo de intimidações.
De repente Pollyana cansada de guerra vira Juma Marruá.
E as pessoas podem achar que ela tá pirando na batatinha....mas agora ela não está nem aí com o que as pessoas acham.
Pollyana de certa forma descobriu a liberdade.
E vai ser o que bem entender.
Quando vai a uma audiência pública que debate a violência contra a mulher e descobre que uma Senadora pode colocar várias autoridades contra a parede, e principalmente, sabe que tudo pode ser sabotado em questões de segundo ( como ocorreu ontem, acabou a luz na plenária da Assembleia Legislativa e posteriormente a audiência foi esvaziada), daí surge uma lucidez de leoa, Pollyana cansada de guerra se encoraja cada vez mais em não aceitar o inaceitável.
Pollyana tem também 300 mil problemas pessoais que devem ser resolvidos.
Embora saiba que esses 300 mil problemas sempre vão existir.
Pollyana acredita num mundo melhor.
Pollyana cansou de ser boazinha:
Vai tomar no cú Pollyana (diz pra si)
Vai pra guerra, porra!



quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Carta de Repúdio

CONTRA A PEC 215


DEMARCAÇÃO DAS TERRAS

URGÊNCIA NOS JULGAMENTOS

Exmo. Sr. Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Carlos Ayres Brito e Exmos(as) Srs(as) ministros(as).

Excelentíssima Presidenta da República Federativa do Brasil, Sra. Dilma Vana Rousseff.

Exmo. Sr. Presidente do Senado, da Câmara Federal e Exmos(as) senadores(as) e deputados(as) federais.



Nós, membros do Coletivo “Terra Vermelha”, entidade nascida após a disseminação nas redes sociais da Carta da comunidade de PyelitoKue / Mbarakay, que ficou conhecida por denunciar a situação dos Guarani-Kaiowá em Mato Grosso do Sul, nosso Estado, bem como ficou demonstrada a intenção de resistência desse povo indígena visando permanecer em suas terras até a morte, viemos explanar através desta Carta de repúdio nossa indignação pelo o que vem acontecendo com os povos indígenas, onde se verifica uma situação de miséria e esquecimento pelos três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.

Há que se fazer um relato de toda uma conjuntura histórica, há que se refrescar a memória de Vossas Excelências, autoridades máximas nesse país.

Existe hoje espalhado no Brasil cerca de 70 mil índios guarani, 45 mil em sua maioria do subgrupo Guarani-Kaiowá, a maior parte deles se encontra no Mato Grosso do Sul, o seu extermínio começou durante a Guerra do Paraguai, os poucos que sobreviveram foram obrigados a viver em terras com tamanhos reduzidos, pois entre 1915 e 1928 o Serviço de Proteção ao Índio demarcou 8 pequenas áreas indígenas.

Pois bem, durante o decorrer do século XX, Mato Grosso do Sul foi reconhecido como o estado do agronegócio, da monocultura, primeiramente plantações de milho, depois a soja, o gado, e atualmente a febre da cana-de- açúcar, das usinas sulcroalcooleira, é sabido que o Governo estadual através da sua política de incentivos fiscais estimula tal crescimento, com descontos de até 90% do ICMS para esses empreendedores.

E os índios? Servem pra quê? “Índio não produz, vive”, palavras de Eduardo Viveiros de Castro, assim, seguindo a lógica do nosso sistema capitalista, índio não tem muita serventia, ou melhor, até tem, serve de mão-de-obra barata.

Só que o nosso Poder Constituinte Originário quando promulgou a Constituição Federal de 1988 deixou uma brecha para que esses índios futuramente cobrassem seus direitos, vide arst. 231 e 67 da ADCT.

O Brasil ainda se comprometeu com a questão indígena no momento em que foi signatário de Pactos Internacionais de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, do Protocolo de San Salvador e do Convênio 169 da Organização Internacional do Trabalho.

Em 2007 um TAC foi assinado entre a FUNAI e o MPF para a delimitação e a demarcação das terras Guarani-Kaiowá, só que ainda não saiu das fases iniciais, citamos, por exemplo, a publicação dos laudos antropológicos, que teve o seu prazo final expirado no ano de 2009, e mais, os pareceres e provas de reconhecimento de terras indígenas deveriam ter sido concluídos em 2010.

Há 80 processos tramitando na Justiça federal a fim de impedir a demarcação dessas terras, processos estes que quando chegam ao STF não são julgados com celeridade, podemos citar o caso da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol, que começou a sua jornada em 1977.

Os dados dessa guerra pela terra são alarmantes: apenas 30 a 40% dos proprietários de terra em Mato Grosso do Sul possuem títulos legais (fonte: geógrafo Ariovaldo Umbelino de Oliveira da USP); cerca de 35 mil Guarani-Kaiowá vivem em 11 reservas com quase 33 mil hectares e outros dez mil sobrevivem em acampamentos na beira de estradas ou outros locais em litígio judicial ( Fonte: Antropólogo Tonico Benites da UFRJ); o gado dispõe de 3 a 5 hectares de terra por cabeça, enquanto que os Guarani-Kaiowá não chegam a ocupar um hectare de terra por índio (Fonte: Indigenista EgonHeck) .

E a guerra declina para uma nova problemática: o suicídio. Segundo a jornalista Eliana Brum da revista Época, a cada seis dias um jovem Guarani-Kaiowá se suicida, desde 1980 cerca de 1500 tiraram a sua própria vida.

Essa guerra velada insiste em nos apontar outra questão, as aldeias cujo tamanho foi reduzido desde o início do século XX, hoje são confinamentos de índios, o seu destino não é mais o seu TEKOHA, as aldeias se tornaram favelas urbanas, com drogas lícitas e ilícitas, miséria, violência, tudo isso é o retrato contemporâneo dos povos indígenas.

Este é o novo panorama da questão indígena devido o descaso dos Poderes da União, tendo em vista o negligenciamento do Poder Público, a omissão de quem deveria governar tendo como base o interesse público.

O Poder Executivo ao invés de cumprir os preceitos da Constituição Cidadã prefere fechar os olhos. O prazo para a demarcação de terras após a promulgação da Constituição era de cinco anos, ou seja, desde 1993 estamos esperando o Executivo desempenhar a sua função.

Decorridos 24 anos da promulgação da nossa Carta Magna, apenas 361 terras tiveram o seu processo concluído, estão na fila 339 terras que ainda nem tiveram o seu processo iniciado.

O Governo Lula, tão almejado pelas classes sociais, enfim um fiel representante do povo conquistará o poder, tampouco fez para que esses dados mudassem, homologou apenas 88 terras indígenas, sendo que 3 dos territórios Guarani, dois deles tiveram a ocupação suspensa por liminar ao STF: ÑanderuMarangatu, em 2006 e Arroio Korá em 2009.

E por falar em STF, mais uma vez temos que ressaltar que quando esses processos chegam a Suprema Corte, estranhamente a duração razoável do processo se torna um princípio sem aplicação.

Já que nos adentramos na questão do Judiciário há números interessantes a serem revelados: a taxa de assassinato dos Guarani-Kaiowá é quatro vezes maior que a média nacional, 100 assassinatos por 100 mil habitantes, ademais cerca de 90% dos homicídios não são solucionados.

Podemos ainda citar casos recentes de crimes ocorridos aqui no Mato Grosso do Sul, que ainda não houve nenhum tipo de solução, sequer o encerramento do Inquérito Policial, como é o caso do brutal assassinato do Cacique (Nhanderú) Nísio Gomes ocorrido na terra indígena Guay´viry, município de Aral Moreira, em novembro de 2011; do estupro sofrido em outubro de 2012, pela indígena Guarani - Kaiowá da aldeia PyelitoKue/Mbarakay cometido por oito homens; do assassinato de dois professores indígenas Guarani- Kaiowá, Rolindo Vera e Jenivaldo Vera, da terra indígena Ypo’í, do assassinato da rezadeira (Nhandesí) Xurite Lopes, da terra indígena KurussúAmbá, do atentado ao ônibus de estudantes Terenas, queimado por Coquetel Molotov em junho de 2011, na cidade de Miranda.

Ademais, no início desse ano foi apresentada na Câmara dos Deputados a PEC 215, que absurdamente foi considerada constitucional pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), a mesma só não foi votada por falta de quórum.

Essa PEC foi duramente criticada não só pelos órgãos que defendem os povos indígenas e os quilombolas, mas também foi depreciado por vários outros setores da sociedade, pois veementemente desrespeita o texto constitucional, já que segundo os art. 20, XI e art. 22, XIV, as terras ocupadas pelos índios são bens da União, bem como compete privativamente a União legislar sobre as populações indígenas, e ainda dispõe principalmente o art. 231 que compete a União demarcar essas terras indígenas.

Desse modo, a PEC tenta passar por cima do sistema de “freios e contrapesos”, pois o que propõe é uma invasão de competência, isto é, pretende que o Legislativo tome as rédeas nas demarcações, senão vejamos:

“Art. 49 – É da competência exclusiva do Congresso Nacional:



(novo inciso) – aprovar a demarcação das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios e ratificar as demarcações já homologadas”;



“Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.

(inciso alterado) “§ 4º As terras de que trata este artigo, após a respectiva demarcação aprovada ou ratificada pelo Congresso Nacional, são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis”;

(novo inciso) § 8º Os critérios e procedimentos de demarcação das Áreas indígenas deverão ser regulamentados por lei”.



No entanto, o trâmite da demarcação é ato administrativo, meramente declaratório e não constitutivo de direito, não há razão de ser que um direito já existente deve agora passar por autorização legislativa posterior.

Portanto, tal PEC fere o art. 60, § 4ª, inciso III, cláusula pétrea, devendo ser efetivamente arquivada.

Outra questão relevante que, aliás, prontamente foi suspensa,é a Portaria 303 da AGU. Esta foi editada a pretexto de regulamentar “as salvaguardas institucionais às terras indígenas conforme o entendimento fixado pelo STF na Petição 3.338 RR”.

A portaria visa estender os ditames veiculados no julgamento do caso “Raposa Serra do Sol” a todas as demais terras indígenas, contrariando o próprio STF, que já esclareceu que a decisão daquele caso não possui efeito vinculante, ainda mais que ainda está pendente de julgamento embargos de declaração propostos pela Procuradoria-Geral da República.

O Advogado Geral da União quando dispõe que "o usufruto dos índios não se sobrepõe ao interesse da política de defesa nacional; a instalação de bases, unidades e postos militares e demais intervenções militares, a expansão estratégica da malha viária, a exploração de alternativas energéticas de cunho estratégico e o resguardo das riquezas de cunho estratégico, a critério dos órgãos competentes (Ministério da Defesa e Conselho de Defesa Nacional), serão implementados independentemente de consulta às comunidades indígenas envolvidas ou à FUNAI", fere o direito de consulta e consentimento prévio, livre e informado, garantido pela Convenção 169 da OIT.

Não podemos esquecer que o atual Governador do estado de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, em março de 2012 assinou um acordo de cooperação técnica entre a União e o Estado, visando a execução do plano de policiamento comunitário nas aldeias, o projeto, entretanto, sequer começou a ser implantado, pois, segundo o governo do Estado, seriam necessários quase R$ 3 milhões - de verbas exclusivamente federais - para sua execução.

Porém, o MPF/MS , identificou paralelamente a este Plano de policiamento, um convênio entre a União e o Estado de Mato Grosso do sul, no montante de 20 milhões de reais, os recursos seriam utilizados nas regiões de fronteira e o repasse foi definido segundo os índices de violência.

Desse modo, seguindo os ditames do convênio, o MPF/MS ajuizou ação de bloqueio de verbas (Autos nº 0001049-10.2011.1.03.6002), alegando que é justamente nessa área de fronteira com o Paraguai que vivem mais de 44 mil índios Guarani-Kaiowá que sofrem com os altos índices de violência.

“O Estado, sabendo de suas reais necessidades em proteger a população indígena, condiciona a prestação de serviços de segurança pública a esses povos ao repasse de quase R$ 3 milhões pela União quando, por outro lado, e argumentando beneficiar diretamente toda a população fronteiriça, recebe quase R$ 21 milhões em repasses de verbas federais para alcançar os mesmos objetivos”, destaca o MPF.



Por fim, nós do Coletivo “Terra Vermelha”, reivindicamos:

- A demarcação dos ‘Tekohas’ reivindicados pelos povos indígenas do estado de MS, conforme determina o Artigo 231 da Constituição Federal e 67 do ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias) cujo prazo de 5 anos previsto na Constituição se esgotou em 1993, portanto exigimos a máxima urgência;

- A imediata publicação dos Relatórios Antropológicos previstos no TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) assinado em novembro de 2007 entre Governo Federal, Ministério Público Federal e Lideranças Indígenas para a demarcação de 36 terras tradicionalmente ocupadas pelo povo Guarani Kaiowá;

- Que o prazo estabelecido pelo por determinação da Presidenta Dilma Rousseff, para que a Funai conclua em 30 dias (a partir da data de 30 de outubro de 2012), a aprovação dos estudos antropológicos que comprovam que as terras reivindicadas pelas comunidades Guarani Kaiowá pertencem de fato aos seus ancestrais, não seja ultrapassado;

- Que sejam revogadas as liminares que paralisaram os procedimentos demarcatórios de terras tradicionais indígenas, bem como a suspensão de liminares que determinam o despejo de comunidades de suas terras recentemente ocupadas;

- A revogação da Portaria 303 da AGU (Advocacia Geral da União);

- O arquivamento definitivo da PEC 215 que tramita no Congresso Nacional;

- Que medidas sejam adotadas para coibir os atos de violência sistematicamente cometidos contra as populações indígenas de MS, bem como de todo o Brasil;

- Que o Estado Brasileiro, de forma efetiva, garanta às comunidades, segurança alimentar, saúde, acesso à educação e ao território, vilipendiados pelos Latifundiários e pelo Agronegócio;

- O julgamento de ações relativas aos direitos dos povos indígenas com celeridade e eficiência na conclusão dos processos na Justiça Federal brasileira, assim como, no Supremo Tribunal Federal ainda sem decisões finais;

- O julgamento dos os mandantes e executores do assassinato brutal do Cacique (Nhanderú) Nísio Gomes ocorrido na terra indígena Guay´viry, município de Aral Moreira, em novembro de 2011;

- O julgamento dos os mandantes e executores do estupro sofrido em outubro de 2012, pela indígena Guarani Kaiowá da aldeia PyelitoKue/Mbarakay cometido por oito homens;

- O julgamento dos os mandantes e executores do assassinato de dois professores indígenas Guarani Kaiowá, Rolindo Vera e Jenivaldo Vera, da terra indígena Ypo’í;

- O julgamento dos os mandantes e executores do assassinato da rezadeira (Nhandesí) Xurite Lopes, da terra indígena KurussúAmbá;

- O julgamento dos os mandantes e executores do atentado ao ônibus de estudantes Terenas, queimado por Coquetel Molotov em junho de 2011, na cidade de Miranda;

- Os julgamentos de tantos outros casos de assassinato, estupro, tortura, escravidão, subemprego, tráfico de crianças e mulheres, tráfico de drogas, arrendamento de terras indígenas, menos divulgados midiaticamente, porém que são parte da história do drama sofrido pelos indígenas no Mato Grosso do Sul;

- O repasse da quantia de 3 milhões de reais concedida pela União, de acordo com o convênio realizado pela mesma com o Estado de Mato Grosso do sul, a fim de que seja implantado o plano de policiamento comunitário nas aldeias, haja vista os altos índices de homicídios e suicídios na região do Cone Sul.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Oeste



Foi assim, essa semana estava curada e poderia começar a minha jornada "Doutrina X Eu ", meu ciclo de estudos de 16 horas já estava arrumadinho no Excel, era só partir pra luta.

Mas me vi submersa em uma questão tão mais relevante que o meu possível futuro, sei que minha mãe tem toda razão :
- Priscila, pode fazer passeata, protesto, mas não se esqueça que a sua guerra é você contra você mesma !
Segunda reunião do coletivo "Terra Vermelha", no caminho uma galera chegando de bicicleta com um mapinha na mão, procurando o local, o pessoal meio IFCH/Unicamp...me senti em casa.
Formamos uma roda com cadeiras e colchões e ficamos discutindo a logística da nossa manifestação por quase 3 horas.
Conheci pessoas que pensam como eu, e se não fosse essa tal de rede social seria quase impossível encontrá-las, pois a maioria dessas são estudantes, outros artistas, alguns da àrea de comunicação.....enfim, cidadãos indignados com a situação que se encontram os indíos no Brasil, mais precisamente aqui do lado do nosso habitat, vergonha nacional !
Ontem fui ver a palestra de um antropólogo e também de um advogado que está no "front" há um bom tempo.
Saí de lá com um peso no coração.
Não....não queria tomar umas, minha vontade foi de gritar aos quatro cantos: Puta que pariu, acordem!
Esse Oeste, terra de ninguém, terra sem lei, terra de latufundiários que só pensam no lucro, terra de gente mesquinha metida a elite, terra de gente preconceituosa, terra de homofóbicos cantadores de sertanejo, terra que não me pertence, terra de hípócritas.
Agora tenho certeza que o meu sangue indígena é legítimo.
Minhas pretensões, minha ligação com a natureza, minha certeza de que esse mundo de merda está grávido de um novo mundo ( sábio pensamento de Galeano), minha esperança, minha prece....sim, lá na antiga Mate-Laranjeira, da onde vem meus ancestrais, a minha cor, a minha força, sim, minha avó era índia, sim, vou lutar para que seja feita justiça, a real, para que a Constituição seja cumprida, sim, vou espernear, vocês terão que me ouvir!
E o dia 09 de novembro de 2012 vai ficar fincado na memória.
Minha carta de repúdio a PEC 215 e a Portaria 303 da AGU pode até não fazer tanto efeito, não causar pressões, ser enterrada numa gaveta qualquer do meio burocrático.

Só que vou escrevê-la como se fosse a última, me empanharei para demonstrar porque esse governo repugnante está errado, porque a justiça não avança, porque uma menina índia é estuprada por 8 homens e ninguém toca no assunto, porque as autoridades só são autoridades quando interessa.

“Não queremos emancipação, nem integração. Queremos o nosso direito de viver. Jamais o branco compreenderá o índio. Queremos ser um povo livre como antigamente. O índio está cercado, amordaçado por uma democracia que não funciona. Por isso nós vamos a campo”. Marçal de Souza, assassinado em 25/11/83.



quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Luta

O barulho dos pássaros me fez transportar para a beira do rio salobra onde a vida é mansa.
Fez o meu pai voltar a sua infância em Porto Felicidade, perto da Vila Juti, local hoje incerto e não sabido.
-É uma calmaria essa vida de passarinhar.
Léo que o diga !!  Fitá-los e saber tudo sobre o cantar de cada um....é poesia dividida em várias vertentes, é como aquela boneca russa matrioska, um canto vai se encaixando no outro.

Estamos acostumados com o zig- zag dos carros, com o tic- tac dos relógios, celulares tocando a música que pega na cabeça, com tudo na maior velocidade, que quando se percebe que a vida vem de uma breve correnteza de rio, de pássaros fazendo seus ninhos, de arauanquãs discutindo, e tudo num mesmo tom, não tem como não fechar os olhos e invadir a alma com bons pensamentos.

Mas ao mesmo tempo essa natureza perdida me faz remeter a problemática dos índios daqui do Mato Grosso do Sul.
Meu pai ouvindo suas canções em guarani me lembra que tenho sangue índigena e não se pode fechar os olhos.

Ele fala que a mãe dele era uma índia e o seu pai paraguaio.
Nunca os vi.
Ás vezes acho que é invenção, meu pai é um contador de histórias, um dos melhores que já conheci.
Só que me sinto paraguaia, índia, portuguesa e sergipana.

E sei que não tenho uma história de luta relacionada com a causa indígena, porém, o que vem acontecendo ultimamente é inadmissível pra qualquer um, não se pode fingir que está tudo bem, que essa questão não me pertence.

O que fazer então??

Como tirar a venda dos olhos dos outros cidadãos?

Pior, como fazer a justiça brasileira cumprir o seu papel?

Os Guarani-Kaiowá e Kadiwéus estão condenados a não terem sequer um pedaço de terra para ser enterrados com seus antepassados, podem ser eliminados da história brasileira pelo simples fato da máquina burocrática pender para o lado dos grandes latifundiários.

E assim se restar algum indivíduo "silvícola" vai servir de mão de obra para a mais nova satisfação financeira do Estado: usinas de álcool.

Que grande futuro....
Tenho medo ! Antônio perguntou uma vez pra mim porque ele era tão branco, e se ficasse no sol ficaria da minha cor, disse que queria ter nascido índio.

Ele é...todos nós somos !!Basta abrir os olhos !!

sábado, 20 de outubro de 2012

Provos

    Agora que não estou conseguindo andar direito ( tenho certeza que na segunda, único dia que podem me atender, vou sair do consultório e ir direto pro hospital), estou dormindo tarde e acordando tarde, tive uma ideia ontem depois que todas as luzes da casa estavam apagadas.
Já que somos fãs dos beatniks, escrevemos também, escutamos jazz e rock´n´roll, ganhamos pouco, estamos numa fase que baladas de madrugada às vezes tornam o resto da semana indestrutível,
 porque não nos juntarmos em alguns cantos da cidade, cada um com a sua poesia, um ou outro leva um vinho e vamos aproveitar o final do dia ??? 

Fiz essa experiência em dois lugares: Orla Morena e ali na TVE no Pq. dos Poderes ( aquele buraco....sei lá o nome daquilo).

A cidade tem uns lugares tão escondidos que ninguém  explora, aqui perto de casa posso enumerar pelo menos uns três.

E dessa forma poderíamos estar conhecendo Campo Grande e ao mesmo tempo nos deliciando ouvindo Drummond, Pessoa, Ginsberg, Hilda Hilst, Manoel de Barros, Vinícius de Moraes, Lemisnky e o que vier.

Lembro uma vez que deixei num banco de uma praça em Campinas "A revolução dos bichos" de George Orwell, com um bilhete, que aquele livro deveria ser repassado e não ficar encostado numa prateleira.  Não sei se o meu plano deu certo.....acho que resolvi fazer isso depois que li "Provos" de Matteo Guarnaccia, da coleção Baderna.


Quando fui pra Holanda tirei uma foto ao lado de um bicicleta amarrada numa ponte. Tinha que estar conectada com a contracultura daquela terra. Pra mim ficou tão claro porque as coisas funcionam lá, daquela forma, meio anárquico mesmo.

Vamos então meus amigos fazer o seguinte: primeiro a gente escolhe o lugar, pintamos nossas bicicletas de branco, cada um leva o seu livro ou a sua própria poesia, quem tiver uma grana sobrando leva uma garrafa de vinho, assim o resto da semana irá fluir com mais intensidade !!

Há uma contracultura em mim
que precisa ser desamarrada
prestes a explodir
intensificada
e não adianta achar que isso é coisa do passado
pois 1968 é o meu futuro
sonho delirante
de uma menina
da geração coca-cola
Ouço Velvet e Stones
E sonho
Woddy Allen em Meia-noite em Paris
sabe do que estou dizendo
Por que não? é o meu mais novo lema
Marcho com Caetano
"Só a verdade é revolucionária"

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Pedido de casamento


Demorei uma hora pra sair da cama.

Medo de ser rejeitada mais uma vez.

As crianças cantarolavam ontem “A Priscila tem medo dela
mesma”.

É verdade (as crianças serenamente jogam a verdade na nossa
cara).

Decidi: tenho R$ 150,00, não sei o que dá pra comprar com isso, se
 duas alianças que não são joias de verdade, ou um par de brincos,
 ou colares....sei lá, nunca fui mesmo muito convencional.

Mas vou pedir ele em casamento.

Depois de quase um mês sozinha, sofrendo como nunca sofri,
 chorando, me lamentando, tudo bem, também saí, enchi a cara,
 fiz merda, não nego...não sou hipócrita, em alguns momentos fui
feliz, quando voltava pra casa sozinha escutando Doors no rádio,
ou quando pulava ao som de Dimitri Pellz, eu sei, ou até mesmo
num dos primeiros dias que estava solteira e fui tomar um açaí,
comprei um jornal francês (versão em português lógico) e fiquei lá
 lendo....me curtindo, achando o máximo a minha independência
emocional.

 

Mas era tudo mentira. Eu não estava feliz. Eu era feliz naqueles
momentos, e no outro dia estava um trapo outra vez.

Vim pra chácara pra pensar na vida ( só isso que faço
ultimamente).

E quatro dias sem ter companhia, sem ter alguém ao lado pra
assistir filme comigo, ou pra discutir sobre o livro que estou lendo,
 ou mesmo pra brindar uma cerveja, foi demais pra mim.

E não é qualquer pessoa que me faz falta, é ele!

Eu sei, eu sei....minha terapeuta já me alertou: Você e nem ele
estão preparados para esse tipo de relacionamento (morar juntos,
 casar...etc).

Só que eu sou teimosa, sempre serei, e vou tentar.

E sou de 1968, e acompanho Caetano em “Alegria, Alegria”.

Também compartilho da ideia de uma ex- amigo, ex- amor, que
 sempre me dizia: Foda-se o goleiro!

Eu vou lá mais uma vez, me ajoelhar, propor ser apenas dele, ouvir
 suas chatices pro resto da minha vida, acordar todos os dias ao
seu lado, discutir quem vai lavar a louça, fazer uma caderneta pra
ver o quanto a gente pode gastar ou não....

Quero ouvir da boca dele: Pri, eu quero tentar uma vida com você,
 eu quero me dividir na sua vida, eu quero ser o seu homem, eu
acredito em você!

Eu não tenho dinheiro, mas isso é uma questão momentânea.

Se não confiar nisso, no meu taco, viro um caranguejo.

Tudo pode acontecer em apenas um dia.

Posso levar um pé na bunda, e ficar até o final do ano de mal
comigo mesma.

Tomar tarja preta, emagrecer mais e mais, chegar ao fim do poço
( ele acha que só as drogas poderiam fazer isso comigo, não, o
amor é a pior delas).

Ou pode ser tudo ao contrário. E nessa semana volto a querer
viver.

Eu vou tentar.

Mais uma vez.

domingo, 14 de outubro de 2012

The science of sleep

João-de-barro fez casa numa árvore seca.

E é porque já encontrou seu grande amor.

Eu também, mas não foi já, demorou.

E pelas vias tortas do destino estou só.

E me questiono se nasci pra ser assim.

Coloquei "Exile on main street" pra tentar me animar.

Abri uma cerveja e quando terminei de tomá-la estava embriagada.

Não teve jeito: liguei para o grande amor.

Chorei, ouvi coisas que não deveria, me autosabotei.

Vontade  de estar nos seus braços.

de sentir o cheiro, de beijar-lhe o pescoço.

de ser sua agora eternamente.

Grito merda em francês na minha cabeça.

Eu não sou a mulher esperada.

Eu sou apenas eu.

De turbante na cabeça.

E grandes óculos para disfarçar minha tristeza.

"Eu acho que eles ficaram juntos no fim, porque ele ganhou confiança e descobriu que ela realmente gostava dele".

"The science of sleep".








sábado, 13 de outubro de 2012

Solidão que nada.....

Pavões miam às 5:30 da manhã aqui na chácara.

 Vento que dá vontade de abrir vinho de manhã.

 "Ulisses" me espera na cama.

 Filmes de monte pra ver.

 Sossego
...
em meu desassossego.

 Adoro as mentiras do Antônio.

 Vontade de que esses dias sejam eternos!
Descobri que Kerouac é inconstante (como eu).

 Que tequila boa não dá ressaca.

 Que entender o algoz às vezes cura.

 Que odeio os passarinhos que cantam no fim da noite.

 Que vou começar a ler James Joyce

 Que a chácara será meu esconderijo do mundo.

 Que Drummond me faz ter esperança.

 Que eu nao "noivei".

 Que preciso de amigos.

 Que a véspera do dia das crianças é realmente coisa do capeta.

 Que me vou tranquilamente na minha perdição.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Mude

Mude:

Acorde com vontade de sair da cama,

mas antes durma sem tomar lexotan.

Coma torradas com geléia,

e um bom café preto pra animar.

Pinte o gato da tarefa do seu filho sem branquinhos,

só pelo fato dele adorar a sua pintura.

Se encoraja, vá para a biblioteca.

Todos os dias da semana.

Leia com atenção.

Por mais que seja uma matéria super chata como "Licitações".

Não fique olhando para o celular esperando uma mensagem.

Ninguém realmente lembra da sua existência.

Só você.

Então se é apenas você, se cuide.

Não omita verdades.

Por mais que doa.

Vá fazer algum exercício: natação, musculação, yoga.

Apenas para se sentir bonita.

E dizem....oxigenar o cérebro.

De vez em quando passe um batom vermelho,

lápis preto nos olhos, flor no cabelo.

Aparentemente você vai parecer estar bem.

Não, nunca mais, fique idealizando uma situação.

Porque a ansiedade estraga tudo.

Faça sua comida,

cuide de sua morada.

Leia os beatniks, escute Beatles, Stones, Velvet, Bowie, para animar.

Escute "Blues e Derivados" na 104.7 todo sábado e dance na sala.

Tome mojitos.

Pegue vários filmes na M&B antes que a locadora feche de vez.

Em dias de poesia, vá até a Orla Morena, acompanhada de um vinho.

Veja uma vez por ano o sol nascer (sem estar chegando da balada).

Faça mais piquiniques.

Tenha calma.

Paciência.

Tudo vai passar.

Acenda uma vela.

Ore, por mais que você não saiba o significado desse ato.





domingo, 7 de outubro de 2012

destino

"Eu tenho que aceitar o que o destino reservou pra mim", disse o meu filho de apenas 06 anos, numa dessas conversas que você explica as razões do fim de um relacionamento.
Crianças....ele me fez pensar no meu destino.
Eu  não estava o aceitando.
Só agora começo a entender e encarar o que foi traçado, o meu destino foi ter o Antônio.
E foi através do meu ventre que me fiz gente.
Cuidei de mim pra poder cuidar dele.
E continuei errando, e vai ser assim por toda a vida...até quando ele se tornar um adulto e eu uma velhinha.
São os percalços.
O sofrimento me deixa mais forte.
Vou renovando as minhas perspectivas.
E é como um sorriso bom de ser ouvido.
Quando acordo tenho um dia para vencer.
Tenho as asas da minha mãe que me protegem.
E sou filha e mãe.
Quero dar os primeiros passos para me enfrentar.
A luta não é contra ninguém.
Não tenho ódio e nem me arrependo.
Vivi o que tinha de ser.
E aceito o que vier.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

A mulher ideal

Ficava pensando no tipo de mulher que nunca foi.

E quantas mulheres desse tipo ele teria que encontrar?

Qual seria a sua mulher ideal?

Estava lendo o caderno de gastronomia da Folha de São Paulo e pensou que certamente seria uma mulher que gostasse de cozinhar ( porque a 1ª pessoa aqui sempre foi um desastre na cozinha).

Depois matutou e chegou a conclusão que ele gostaria de uma mina que entendesse tudo de futebol ( afinal de contas ele já tinha ficado com esse tipo de garota, e a 1ª pessoa aqui dorme quando assiste jogos de futebol).

Veio então a imagem de uma pessoa totalmente espiritualizada, zen, uma professora de yoga talvez?? ( a 1ª pessoa aqui também não deu muito certo nesse lado, ainda tenta...quem sabe um dia!)

Uma mulher independente, que usa salto, sutiã com ferrinho, impecável, moletom...nem pra malhar!! Decidida, objetiva, confiante ( será que existe??)

Uma bióloga que entendesse tudo de pássaros e estivesse tentando salvar as araras-azuis, e que tenha aquela bota especial que dá pra pisar no barro e que não temesse a natureza ( a 1ª pessoa aqui ficava meio neurótica no meio do mato, qualquer barulho lhe afligia)

Ah, lógico, uma DJ gata  com tatuagens nas coxas..... com aquele ar de francesa ( eu tentei ter esse ar de francesa amarrando um lenço na cabeça e fiquei com cara de escrava Isaura!!)

E óbvio, uma cantora, gatinha de 20 e poucos anos, inocente, sem o passado negro, sem histórias de boêmia, que odiasse Bukowiski ( não preciso dizer nada, né?)

Pois eu sou o oposto de todas essas mulheres que vão fazê-lo feliz.
Tentei.
Perdi a aposta.
Me lanço outra vez.


domingo, 30 de setembro de 2012

Domingo e os aromas do strogonoff de Dona Irma

Estava de gravata ainda.
Tirou o sutiã.
Pegou a vassoura.
Colocou Beatles.
E começou a faxina.
Organizar para desorganizar.
Assim começava o seu domingo.
Fez um lista de regras junto com o filho.
Ditou coisas que deveriam ser interferidas.
Ele escreveu a lista.
E fez uma pra sua mãe também.
Com 14 regras que devo seguir.
Que vão organizar a minha rotina.
Como por exemplo fazer brócolis pra ele.
E voltar para o pilates.
Comer três frutas por dia.
E me fez escrever repetitivamente: Estudar! Estudar! Estudar!
Eu sou uma mãe meio anárquica talvez.
E gosto de ser assim.
Se eu sei o que é melhor pra ele,
por que ele não pode saber o que é melhor pra mim ?
Ainda durmo na cama em formato de carro.
Sou tão criança em algumas ocasiões.
Mas isso vai mudar.....
Minha cama nova já está me esperando!
A Frida me olha fixamente.
Espera essa mudança.
Sabe que sou forte como ela.
Pelo simples fato de ser mulher.
E por mais que os homens escondam esse fato,
 são as mulheres que fazem esse mundo melhor!
Pode ser meu puro feminismo .
Que quer esbravejar aos quatro cantos;
Porém, o que vejo é nítido,
não está na teoria,
é no dia-a-dia mesmo
 é uma mulher guerreira que me mostra tudo isso.
Essa super Dona Irma,
que é minha heroína,
e todos me comparam com ela.
Se um dia eu conseguir....
chegar aos seus pés,
possuir essa integridade,
honestidade,
força,
fé,
sei que vou
lhe arrancar
o mais sincero sorriso.
(tão esperado por mim)




domingo, 23 de setembro de 2012

Já era tempo....

Ficou uma semana na fossa.

Começou a terapia.

Alinhou os chacras.

Assistiu 6 filmes.

Chorou muito.

Se sentiu a pior das cadelas.

Culpou-se intensamente.

Não encheu a cara.

Passou batom vermelho.

Colheu amoras.

Levou os livros para a casa nova.

Ouviu os passos da mãe.

Cantou para o filho dormir.

Sentiu  saudade.

E vontade.

Está sozinha.

Aprendendo na marra.

O seu propósito nessa vida.

Amanhã é segunda.

Vai recomeçar.

Já sabe.

Abriu uma nova janelinha na sua alma.

O pavão anuncia: Acorda! Já é hora!




sábado, 22 de setembro de 2012

Clara decide viver

Ele disse: pra você ficar bem precisa dançar, abraçar e beijar.

Clara saiu dali aliviada, a busca pelo seu ser em todos esses anos fora tão pesada e agora seria simples.

Gostava de dançar, aliás essa característica a fez conhecer muitas pessoas. Quando tinha uns 20 e poucos anos jogava o cabelão na frente do rosto, fechava os olhos, e sentia o baixo do blues gemendo em seu corpo, técnica ensinada por uma colega da classe de ciências sociais.

O blues, o rock´n´roll, o rum com coca-cola, eram objetos essenciais para as suas noites de farra. E era feliz. Extremamente feliz.

Depois veio a música eletrônica. No começo achava estranho aquelas pessoas que dançavam a noite inteira sem se cansar.
Preferiria observar, não sabia fazer os passos, sentia falta do rock....ou algo assim.

Demorou até se soltar, até entender o que fazia as pessoas se reunirem no meio do mato, e eram como irmãos, todos se amavam de uma só vez, em um único dia. De repente, chegou ao nascer do sol e dançou, dançou, fechava os olhos, sentia a brisa do amanhecer, sorria, seu coração sorria para todos, e descobriu o abraço fraterno de que tanto precisava há tanto tempo.

O que seria esse tal de "beijar", indagava-se. Lembra do primeiro beijo, todos a olhavam, as amigas estavam na maior expectativa, mais do que a própria Clara. Veio a imagem de um beijo tão inesquecível, estava no Stones, tocava Janis Joplin cover, com os olhos fechados sentiu alguém lhe beijar....alguém lhe roubou um beijo, não queria abrir os olhos, queria que continuasse o mistério, depois esse alguém foi um dos grandes amantes de Clara.

Pensou naquele frio na barriga que vem antes do beijo, sensação tão boa, e também dos afagos, do amanhecer, dos beijos escondidos....

Sairia para dançar, estava resolvido.
Abraçaria todos os amigos que encontrasse pela frente, um abraço bem dado, forte, de estalar coluna.
Iria nas festas de casamento, em raves, em bares que tocassem blues, em rodas de samba, quer ouvir no rádio "blues e derivados" só para ir treinando.

E beijar pensou, depois de tantos anos, é sim, pode parecer careta, mas sente agora que é algo tão íntimo, não tem necessidade de compartilhar com qualquer um ( esse desejo intenso de que todas as adolescentes solteiras passam, "tenho que beijar essa noite", não fazia mais sentido para Clara).
O que fazia sentido então? Beijar pai e mãe, há uns 10 anos não os beijava de maneira convincente. E tambem não os abraçava. Tem até medo de como vai fazer isso...já que é uma adulta.

E o outro tipo de beijo, o que vem do desejo, desse mal estar do estômago, não se sabe, se valer à pena, por quê não?

Clara pode até estar enganada. Mas vai tentar, outra vez, de qualquer forma ela decidiu viver.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Preferiria não

Sou subversiva nas pequenas coisas.....

Quando nem penso em colocar silicone (aceito o meu peitinho numa boa, embora ache sexy mulher com peitão, mas de verdade!)
No momento em que tem um super carro colado em mim, eu reduzo a velocidade só para mostrar pro playboy que ele não é o dono da rua.
Quando atendo um mendigo no escritório de advocacia.

Esses dias atrás veio um senhor aqui, ainda vou montar a ação dele, ficou uma hora contando o sofrimento que é ser explorado....e eu disse simplesmente: eis o sistema capitalista!

Quando vou ao cinema sozinha.

Também quando me recuso a usar sutiã e salto alto.

Às vezes deixo de sair e fico em casa de molho lendo um livro pra acordar bem cedo no domingo.

Quando deixo de comprar aquele salgado sem graça da faculdade e chego em casa morrendo de fome!

Nas milhares de vezes que deixo o Antônio chupar mais de um picolé.....

Nos momentos que estou de saco cheio da vida, e chamo meus queridos companheiros de copo, Filipe e Thiago, pra só ficar falando merda....

Quando me recuso a ser o que as pessoas gostariam que eu fosse!

Nos meus palavrões cotidianos!

Na minha maneira de não me culpar pelos meus sentimentos.

Assim, desse jeito, de cabelo curto.

Sendo delicada e libertária no mesmo instante.

Quando atendo aos meus impulsos;

Quando falo "Preferiria não"



segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Percilia

Acho que não nasci pra decidir nada, ou pra decidir coisa alguma.
Eu já nem sei como se escreve direito.
É verdade: não sei crase, estou apenas decorando as suas 300 mil hipóteses.
É verdade: não sei se quero ter um cargo público ou não ter horário pra bater cartão.
Outra indecisão: como vou pagar minhas contas no futuro ? ( só penso nesse bendito futuro ).
E mais: Qual é a minha serventia nesse mundo?
Você deve estar se questionando.... por que uma menina de 31 anos faz perguntas como se tivesse ainda 18 anos?
Tem insônia e não quer ler direito penal.
Não consegue pegar no sono porque tem que decidir tudo até o sol aparecer novamente.
Quer mesmo assistir "Eles não usam black tie".
Sair do cinema sozinha e andar pelas ruas da cidade, do mesmo modo que fazia em Campinas.
Quer gastar o dinheiro das aulas de português com outros tipos de aulas:
terapia, aula de "barman", espanhol, pintura, mestrado, feminismo.
Pensa: um dia vou terminar o curso de ciências sociais e virar antropóloga.
Pensa: um dia vou trabalhar numa Ong feminista e sobreviver .
Pensa: um dia vou advogar e fazer justiça sem me importar com os honorários.
Pensa: um dia vou ficar velhinha e viver de poesia!
Eita menina avoada.....essa Percilia!!

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Resposta à Carta sem selo

Querido Pietro,

Encharquei os meus cactos que ficam na janela, não sei por que eles estão secando, se é falta de luz, se são fungos, ou se é a energia do ambiente que nao está lá aquela coisa!
Faz dias que penso em Paris (deve ser por isso que tenho dormido tanto), os meus sonhos vievem me levando até lá... a minha vida pós- sono está tão mais contagiante que a minha vida matutina.
Eu tentei chegar o mais perto de Hemingway, embora não tenha ido na livraria famosa dos intelectuais. Também não fui ao cemitério prestar minha homenagem a Simone de Beauvoir, tampouco corri pelos corredores do Louvre !
Mas vivi Paris. E entendo o porquê desse contágio, dessa loucura que é estar naquelas ruas, com luminárias do século retrasado, com a arquitetura que parou no tempo ( e tudo bem conservado), na minha  incompreensão quando colocava o pé na faixa de pedestres e os carros paravam ( eu eu ficava parada no meio da faixa tentando entender tudo aquilo).
Pietro, a sua amiga aqui é escritora, mesmo tendo errado 11 questões na prova de português do último concurso que prestou domingo passado.
Agora sabe que GÊNERO ( adora essa palavra) também se escreve GÉNERO.
E ainda vive se perguntando se nasceu mesmo pra se enveredar na àrea jurídica.
Só que há tantos escritores que também começaram por aí, não é? Como: Vinícius de Moraes, Jorge Amado, João Cabral de Melo Neto (foi diplomata concursado), Hilda Hilst e até Clarice Lispector.
Então resolve tentar.
Vai estudar tudo de novo.
Vai além.
Quer levar o Antônio pra Paris.
Quer levá-lo ao show do Paul McCartney, bem como dos Stones.
Pietro, asim que estiver na minha casinha vamos nos embebedar.
Colocar um vinil escolhido por você no último volume e dançar.
E continuar assim,
escritores!

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

amor mercenário

A pequena olhava o relógio.
 Havia perfumado o corpo, colocado um salto e maquiagem no rosto.
O vestinho de bolinhas era para dar um ar de menina.
Combinou o encontro alguns dias atrás.
Estava confusa ainda.
Enquanto pegava a condução para chegar ao local escolhido pensou em revidar.
Sentia-se enojada em fazer o que pretendia.
Contudo, tinha que experimentar.
"Bandido", pensava alto.
O Hotel Gaspar era conhecido como um dos mais elegantes da cidade.
A pequena chegou meia hora antes.
Analisou o quarto, acendeu um cigarro, serviu -se de whisky.
Aquele homem que só estava acostumado a vê-la sempre tão carola iria se surpreender.
O plano era se entregar pela primeira vez a qualquer marginal.
Não queria ser como às outras mulheres.
Pelo menos uma vez na vida faria uma escolha.
Estava certa de que o sexo, essa descoberta de si mesma, era na verdade algo natural.
Olhava os cachorros fazendo, e de certa maneira, era tão comum, não sentia vergonha.
O escolhido foi logo lhe arrancando a roupa, mordiscava o seu pescoço, beijava a orelha.
Era o dominador da situação, o macho, o homem carnal, sedutor.
A pequena que tinha a intenção de se enveredar em busca de uma nova persona,
pulou em cima do pretendido, o engoliu lentamente, gemeu,
e no instante da sua mais libertária cavalgada o fez broxar.

sábado, 11 de agosto de 2012




Eu acho que não quero ter que querer coisa alguma.

Não quero ficar criando expectativas.

Parar de me machucar.

E aceitar o não mais inaceitável.

É que ainda trago marcas do passado.

E necessito de mudanças.

Sou tão guerreira em alguns instantes.

Em outros sou apenas solidão.

Não sou a Gabriela de ninguém.

E ouço Tom Jobim apenas para me torturar.

Por que lexotan não cura dores?

E esse dia que não passa.

Hemingway tinha toda a razão.

Eu já sei o que vai acontecer.

Deveria estar acostumada.










quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Descendo o Sarrafo






Eu sempre gostei de choro. Desde criança quando minha irmã dançou ao som de “brasileirinho” na apresentação de ballet em Fátima do Sul. Já tinha ouvido falar que ia acontecer o lançamento do cd de um compositor que não era daqui que teve o seu álbum censurado durante o regime militar ( até pensei será que ele era subversivo?).

Fui ao Aracy sozinha. Cheguei cedo, havia uma fila, e o que primeiro chamou minha atenção foi que as pessoas da fila eram justamente o oposto do que esperava, achava que ia ter um bando de intelectuais ou algo do tipo, e ao invés disso tinha gente de roupa simples e jeito humilde, ou melhor, era o povo mesmo prestigiando algo que um dia também fora tão popular.

Sentei na segunda fileira e vi o Sarrafo dando uma entrevista pra tv: falava alegremente, emocionado de estar ali, de ser a estrela da noite.

Sarrafo tem 93 anos, e é de uma lucidez impressionante. No palco havia fotos ampliadas, imagens antigas de um Sarrafo guri, da época que o rádio era o principal veículo de comunicação, e que a nata da música popular brasileira se apresentava em grandes shows com orquestras nos cassinos.

Começa o show: o Choro opus trio que se dispôs a recuperar todas as composições que se perderam no álbum censurado entra, com mais dois músicos convidados, um clarinetista e um outro na percussão tocando pandeiro.  Meninos tocando choro foi o que vi, meninos igual na foto do Sarrafo ali no palco.  Meninos que provavelmente nasceram bem no finalzinho do século XX, e que hoje se encantam com a música do começo do século XX. Meninos com uma desenvoltura genial.

E a cada música apresentada Sarrafo se erguia, aplaudia e dizia: Boa! Boa! 

Martinelli o fitava com olhos cheios d´ água, o chorinho de Sarrafo tem suas nuances, eu me vi chorando em vários momentos. Algumas composições eram de uma alegria, que até os meus pés se mexiam, outras eram disparadas diretamente no meu coração, para mim, era quase um fragmento da música argentina, eu ouvia tango misturado com o choro.

 Porém, o que me abalou e até me fez escrever sobre aquele momento foi justamente o fato de que Sarrafo aos 93 anos conseguiu realizar o seu sonho: ver suas composições registradas num álbum, coisa que ele esperou mais de 40 anos para acontecer.

Fez-me lembrar tanto do Cris, meu amigo compositor que mora na Holanda, me fez pensar o quanto é difícil a vida de um artista em território brasileiro.

Fiquei chateada por essa indústria cultural massificadora existir, principalmente aqui no Oeste onde as pessoas acham natural gostar de sertanejo, gastam dinheiro para comprar cd do  “tcherere/ tchu tcha”, ir ao show na boate da moda, e te encaram como se você fosse um ser de outro mundo, só porque tem discernimento e sabe o que realmente deve ser apreciado.

Ao mesmo tempo percebi que essas pessoas não são aquelas mesmas pessoas humildes que estavam no show, a maioria das pessoas de classe média alta de Campo Grande (sei lá a lógica disso) é que acha que gostar de sertanejo é ter status.

Pois bem, status é ter bom gosto, é ouvir Pixinguinha, Cartola, Paulinho da Viola, Guerra Peixe, Ernesto Nazareth , Noel Rosa, Candeia, Chico  e Sarrafo.

Me admira que essas pessoas que tem acesso livre ( porque tem condições financeiras) a cultura, que podem consumir o que realmente tem valor artístico, consomem merda!

É, vocês que vão na Valley e pagam R$ 50,00 para escutar uma música de merda,  que se fantasiam como se tivessem  saído da mesma fábrica (fábrica de barbies e de cowboys), vocês que enchem a cara de whisky e saí matando gente a torto e a direito com suas caminhonetes potentes, não passam de um bando de gente  manipulada, que não sabe distinguir porra nenhuma !

Pois eu estou fora dessa sociedade.

Prefiro me juntar aos que gostam de música e vida de verdade!

Prefiro ser o que sou do que me submeter a essa massa de gente hipócrita!

 Cris, tenho certeza meu amigo, que gente como você, que luta e sonha, um dia vai ter o seu valor.

É como Sarrafo disse: O nosso povo precisa de educação, porque povo sem educação é apenas um monte de gente amontoada !


sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Homem primata, capitalismo selvagem !


Esse meu cabelo tá horrível, essa minha pele seca que nem creme de 50 euros resolve, essas olheiras cada dia pior, a magreza típica de quem realmente não está feliz com nada. Olho para a foto do Antônio e é a única coisa me contagia a alma...o resto que se foda ! Tenho quase 31 anos, duas faculdades, já escrevi um livro, já fiz um filho, só não plantei uma árvore e até agora não consigo ganhar dinheiro. Pelo menos um dos meus quatro cactos está renascendo, o outro está ficando com um moicano, presto para alguma coisa: cuidar de cactos!

As pessoas acham que aqui é um balcão de informações, por acaso eu tenho cara de google??

Eu nunca pensei que a falta de dinheiro iria me tornar uma pessoa tão infeliz.

Na verdade em toda a minha existência nunca precisei sofrer por não ter dinheiro, minha mãe sempre, mesmo eu não merecendo, me sustentava com louvor.

Só que a pequena rebelde de 18 anos cresceu, “embuchou”, e agora não consegue seguir o ritmo desse sistema selvagem.

Apesar de ter uma casa linda, não tem como morar lá, não tem como renovar o seu anti-vírus, não tem como todo dia dar moedinhas pro guri que cuida do carro.

Esse sistema me engoliu, me desanimou, me apagou.

Me enoja, e me faz ficar sem reação.

Eu era tão comunista e agora não consigo viver só de sonhos.

Eu era tão bicho grilo e agora maconha não faz sentido nenhum em minha vida.

Eu era tão solidária, acreditava naquele slogan “Um outro mundo é possível”, e agora só fico pensando se vou ter dinheiro para pagar a luz, a àgua, o telefone, a Tv a cabo, e todas as prestações que esse mundo super democrático nos impõe.

O que acontece? Ou sou eu o problema dessa porra toda, ou é essa merda desse mundo que não anda pra frente ???

quinta-feira, 26 de julho de 2012

"Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios"

Pois bem, minha memória vai ser enterrada a sete palmos da terra.
Achatada de uma vez.
Sem lembranças descobertas.
Nem pra mim vai sobrar resquícios.
Uma limpeza geral no meu cérebro.
Odores, sensações, feições, tudo será absorvido.
Como num filme de ficção.
E é de hoje em diante.

Pois bem, não te conheço mais.
Nem sei o seu nome. Se gosta de Kerouac ou de Raduan Nassar.
Está resolvido o perrengue.

Nada de mágoas, de choro, nem vela.
Afinal: aceitei o não.
A palavra não!
Forte sensação, do seu poder de coação.

As ilusões que se quebram na medida do tempo
tempo precioso que já se foi.
E o que importa é o que virá como dizia o poeta.

Pois bem, vou seguir o meu caminho.
o Meu, meu, só meu.
que eu mereço
Me mereço.

Em contrapartida,
você a merece.
Que seja feliz enquante dure.

E todos os amores duram....
Enquanto os amores duram
Eu me resguardo
E essa nítida sensação se esvai.

Da firmeza da carne
  o que me atraí
são os seus lindos lábios

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Antônio

E ele me acordava feito um passarinho. Gostava também de música contemporânea (mesmo sem saber). Fazia cafuné em mim. Tomava banho de sol também. E me aguentava lendo doutrina jurídica. Mesmo cansada depois do trabalho eu brincava de esconde-esconde. Lia fábulas até ele dormir. Quero escrever um livro só pra ele. Preparar o seu café da manhã todos os dias. Chocolate quente, pão integral com manteiga e banana com aveia e mel. Não me enjoa dizer que o amo (por mais que pra ele já não seja tão legal). Ele vai me ajudar a levantar cedo. Mesmo que isso interfira nas suas férias. Vai abaixar o volume da televisão só pra me ajudar na concentração. É o meu anjo em forma de gente! Eu não lembro mais como era feliz sem ele.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Daniel na cova dos leões

Os homens sempre me apontaram o dedo, como se o meu defeito de fábrica tivesse que ser sanado, de uma hora para a outra. Lembro-me do meu primeiro namoradinho que me dizia que o meu gosto já não era tão bom (por causa dos cigarros). Teve um outro que me achava imatura demais (palavras fincadas em minha memória: Cresça primeiro, depois me procure!). Teve um e outro que apreciavam o meu jeito desbocado de ser, que realmente gostavam da minha atitude libertária, eu era meio Leila Diniz. O que me traiu me levou um barco de comida japonesa, quando o conheci estava vestida de puta (foi numa festa à fantasia), deve ser por isso que inconscientemente achou que poderia me trair. Vamos dizer que depois de tanto tempo (já estou com 30 anos e vários cabelos brancos) muita coisa em mim foi aperfeiçoada: só fumo quando tomo umas (e hoje em dia essa periodicidade é mensal), tive um filho, ou seja, amadureci na marra, não falo mais tanto palavrões (justamente por causa do filho), iniciei uma nova etapa nas redes sociais, “relacionamento sério” (isso não existia há 8 anos atrás, nem na minha vida, nem no mundo). Mas admito, tem ainda muitas peças fora do lugar. Tem uma que vive se desencaixando: uma tal de TPM. Ainda sim, de vez em quando, expresso o meu descontentamento, a solidão que me incomoda me faz abrir a boca (aí eu sou chamada de mimada, orgulhosa etc). Só que isso acaba se tornando mais um defeito que deve ser reajustado para não haver mais incômodos. Para ser uma bonequinha útil nas mãos dos homens, não devo abrir a boca, só dizer “sim” com a cabeça e ser sempre tolerante, com um olhar sereno de boa moça. Tenho para mim que os defeitos apontados constantemente não sejam de todo modo errados. Eles fazem parte do que eu sou. Eles informam: Não, eu não sou sua marionete! Às vezes o que tanto procuro está empregado em mim mesma. Pode até ser que eu nasci pra ser.