Demorei uma
hora pra sair da cama.
Medo de ser
rejeitada mais uma vez.
As crianças
cantarolavam ontem “A Priscila tem medo dela
mesma”.
É verdade (as
crianças serenamente jogam a verdade na nossa
cara).
Decidi:
tenho R$ 150,00, não sei o que dá pra comprar com isso, se
duas alianças que
não são joias de verdade, ou um par de brincos,
ou colares....sei lá, nunca fui
mesmo muito convencional.
Mas vou
pedir ele em casamento.
Depois de
quase um mês sozinha, sofrendo como nunca sofri,
chorando, me lamentando, tudo
bem, também saí, enchi a cara,
fiz merda, não nego...não sou hipócrita, em
alguns momentos fui
feliz, quando voltava pra casa sozinha escutando Doors no
rádio,
ou quando pulava ao som de Dimitri Pellz, eu sei, ou até mesmo
num dos
primeiros dias que estava solteira e fui tomar um açaí,
comprei um jornal
francês (versão em português lógico) e fiquei lá
lendo....me curtindo, achando
o máximo a minha independência
emocional.
Mas era tudo
mentira. Eu não estava feliz. Eu era feliz naqueles
momentos, e no outro dia
estava um trapo outra vez.
Vim pra
chácara pra pensar na vida ( só isso que faço
ultimamente).
E quatro
dias sem ter companhia, sem ter alguém ao lado pra
assistir filme comigo, ou
pra discutir sobre o livro que estou lendo,
ou mesmo pra brindar uma cerveja,
foi demais pra mim.
E não é
qualquer pessoa que me faz falta, é ele!
Eu sei, eu
sei....minha terapeuta já me alertou: Você e nem ele
estão preparados para esse
tipo de relacionamento (morar juntos,
casar...etc).
Só que eu
sou teimosa, sempre serei, e vou tentar.
E sou de
1968, e acompanho Caetano em “Alegria, Alegria”.
Também
compartilho da ideia de uma ex- amigo, ex- amor, que
sempre me dizia: Foda-se o
goleiro!
Eu vou lá
mais uma vez, me ajoelhar, propor ser apenas dele, ouvir
suas chatices pro
resto da minha vida, acordar todos os dias ao
seu lado, discutir quem vai lavar
a louça, fazer uma caderneta pra
ver o quanto a gente pode gastar ou não....
Quero ouvir
da boca dele: Pri, eu quero tentar uma vida com você,
eu quero me dividir na
sua vida, eu quero ser o seu homem, eu
acredito em você!
Eu não tenho
dinheiro, mas isso é uma questão momentânea.
Se não
confiar nisso, no meu taco, viro um caranguejo.
Tudo pode
acontecer em apenas um dia.
Posso levar
um pé na bunda, e ficar até o final do ano de mal
comigo mesma.
Tomar tarja
preta, emagrecer mais e mais, chegar ao fim do poço
( ele acha que só as drogas
poderiam fazer isso comigo, não, o
amor é a pior delas).
Ou pode ser
tudo ao contrário. E nessa semana volto a querer
viver.
Eu vou
tentar.
Mais uma
vez.
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