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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Oeste



Foi assim, essa semana estava curada e poderia começar a minha jornada "Doutrina X Eu ", meu ciclo de estudos de 16 horas já estava arrumadinho no Excel, era só partir pra luta.

Mas me vi submersa em uma questão tão mais relevante que o meu possível futuro, sei que minha mãe tem toda razão :
- Priscila, pode fazer passeata, protesto, mas não se esqueça que a sua guerra é você contra você mesma !
Segunda reunião do coletivo "Terra Vermelha", no caminho uma galera chegando de bicicleta com um mapinha na mão, procurando o local, o pessoal meio IFCH/Unicamp...me senti em casa.
Formamos uma roda com cadeiras e colchões e ficamos discutindo a logística da nossa manifestação por quase 3 horas.
Conheci pessoas que pensam como eu, e se não fosse essa tal de rede social seria quase impossível encontrá-las, pois a maioria dessas são estudantes, outros artistas, alguns da àrea de comunicação.....enfim, cidadãos indignados com a situação que se encontram os indíos no Brasil, mais precisamente aqui do lado do nosso habitat, vergonha nacional !
Ontem fui ver a palestra de um antropólogo e também de um advogado que está no "front" há um bom tempo.
Saí de lá com um peso no coração.
Não....não queria tomar umas, minha vontade foi de gritar aos quatro cantos: Puta que pariu, acordem!
Esse Oeste, terra de ninguém, terra sem lei, terra de latufundiários que só pensam no lucro, terra de gente mesquinha metida a elite, terra de gente preconceituosa, terra de homofóbicos cantadores de sertanejo, terra que não me pertence, terra de hípócritas.
Agora tenho certeza que o meu sangue indígena é legítimo.
Minhas pretensões, minha ligação com a natureza, minha certeza de que esse mundo de merda está grávido de um novo mundo ( sábio pensamento de Galeano), minha esperança, minha prece....sim, lá na antiga Mate-Laranjeira, da onde vem meus ancestrais, a minha cor, a minha força, sim, minha avó era índia, sim, vou lutar para que seja feita justiça, a real, para que a Constituição seja cumprida, sim, vou espernear, vocês terão que me ouvir!
E o dia 09 de novembro de 2012 vai ficar fincado na memória.
Minha carta de repúdio a PEC 215 e a Portaria 303 da AGU pode até não fazer tanto efeito, não causar pressões, ser enterrada numa gaveta qualquer do meio burocrático.

Só que vou escrevê-la como se fosse a última, me empanharei para demonstrar porque esse governo repugnante está errado, porque a justiça não avança, porque uma menina índia é estuprada por 8 homens e ninguém toca no assunto, porque as autoridades só são autoridades quando interessa.

“Não queremos emancipação, nem integração. Queremos o nosso direito de viver. Jamais o branco compreenderá o índio. Queremos ser um povo livre como antigamente. O índio está cercado, amordaçado por uma democracia que não funciona. Por isso nós vamos a campo”. Marçal de Souza, assassinado em 25/11/83.



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