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quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Tempo




Acordo tarde nesse dia de natal.
Faço o meu café para comer com as rabanadas.
Agora o café é só pra mim.
Há muito que se pensar nessa questão.
Era para eu ter seguido as premissas da sociedade ocidental.

Mas resolvi subverter.
Me enfrentar, é um momento doloroso.
Choro ainda um pouco.
Me sinto culpada.

Resolvi também me esconder.
Me entupir de livros.
Achar graça em outras paradas.
Como: acordar às três da matina pra ver uma chuva de meteoros.


Olho para o meu filho,
e tenho a sensação que a vida é tão descomplicada.
Vou ensina-lo a andar de bicicleta (sem rodinhas, mas ninguém pode saber).
Encontro então nova alegria de viver: ensinar o Antônio.

E sabe que foi nesse ano, que partiu meu coração,
encontrei pessoas tão legais.
Ufa! Não era mais tão invisível assim.
Lutei por causas justas,
Libertamos o Dudu,
Estamos travando batalhas ainda.

Jornadas de junho,
Aguena e Sarobá,
Coletivo Terra Vermelha,
E que venha o carnaval....
Novos amores,
que já reencontrei,
ou talvez tenha sido encontrada. 


Sim, porque esse ano não foi só de perdas.
Ganhei um rapaz barbudo,
anarquista e sonhador.
Que tem 4 gatos,
e gosta de falar até amanhecer.


E de repente me apaixono.
Na contramão dos meus planos.
Fico falando com ele uma hora no celular.
Porque a vida tem dessas coisas....


E pode ser que Deus seja um cara gozador,
e tá rindo da minha cara.
Me empurra,
eu vou.
Sem medo.
Sem pressa.

Descobri que as araras,
quando falam,
tem que saber ouvi-las,
elas sabem de tudo.

Outra coisa: tudo é passageiro.
Sou viajante,
às vezes me aprisiono.
Mas sei voltar,
sei o caminho da liberdade.

Deve ser um tal de Kerouac que me influenciou.
Atravesso.
Eis o tempo....














sábado, 21 de dezembro de 2013

CALABOCA! e grita [ou Tratado sobre o desejo]

Um grande mal-estar causou-me adentrar ao palco em total breu. Um misto de curiosidade e medo, uma confusão de intenções. Muitas vozes, luzes. Não. Não havia luz, havia Esperança, sim, ela, era Ela. Ela que um dia foi, não mais quer assim. Nem mãe, nem filha, nem mulher, Ela não se rotula, apenas deseja e sangra, pois sangrar é viver. Sangra pois cansou de guardar o que não pode controlar. Tanta libido, tanta alma, tanta pele, escuridão e luxúria. Esperança nasce para a vida, sente a pulsação, os seios, os braços, as mãos. Prostituta e Santa. Uma indagação. Esperança cresce e voa, voa na imensidão. Se sobreviverá? Não sei explicar. Dizem que a esperança é a última que morre. Pois que ao final "as coisas não têm explicação; não precisam ser explicadas. Nada precisa ser explicado; melhor não entender". Algo grande, forte e denso não se entende, apenas vê-se e após ver eis que se cala e então: Grita!!! Pois Esperança é maior que a vida.

Obrigado por me proporcionarem esta experiência extra-sensorial, Jair Damasceno, Aline Calixto e todo elenco.

Lucas Tadeu (Mestrando em Letras pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul)

domingo, 15 de dezembro de 2013

YVY KATU




O mundo me enoja cada vez mais. O sal de frutas se dissolvendo me remete ao mundo em chamas. Talvez esse revertério no meu estômago seja de ódio. Ódio por tudo que está acontecendo e eu não posso fazer nada. Eu, sozinha, não posso, eu daqui do outro lado da tela, só mandando críticas ácidas aos nossos governantes não vai adiantar. Esse ativismo de meia-tigela virtual não faz efeito. A conta-gotas pode até que um dia faça, mas a questão que me aflige é urgente.

YVy Katu, com seus 3.000, 4.000 ou 5.000 mil indígenas. Pedaço de terra que já foi declarado por portaria da FUNAI que é indígena. Falta a Presidenta, Dona Dilma, que foi guerrilheira e diz representante de um partido de esquerda ( a melhor mentira que me contaram nos últimos tempos) homologar a terra através de um  decreto.

Pois bem, meus amigos que acham que eu sou louca, prestem atenção:

A portaria do Ministério da Justiça nº  1.289,  editada em 2005, declarou que o tekoha Yvy Katu é terra tradicionalmente indígena, perícia judicial solicitada pelo Ministério Público Federal comprova que:

"(...) os indígenas habitavam a área durante a colonização da região, sendo expulsos a partir de 1928 e confinados na reserva de Porto Lindo, no Município de Amambai. Após a expulsão dos indígenas, a área foi cedida pela União aos colonos, seguindo o modelo adotado na ocupação de todo o estado.  O relatório pericial, produzido por determinação da Justiça, afirma que ' é possível dizer que houve uma série de atitudes equivocadas por parte do Estado brasileiro e por parte do antigo Estado de Mato Grosso, que desapropriaram, venderam e titularam terras na região, desconsiderando a existência de ocupação tradicional indígena'. " ( Fonte: http://www.prms.mpf.mp.br/servicos/sala-de-imprensa/noticias/2013/10/mpf-requer-demarcacao-de-terra-indigena-e-indenizacao-de-r-3-2-milhoes-para-proprietario).

Há 25 anos os guarani de Yvy Katu estão unindo forças para que os seus direitos garantidos pela Constituição Federal de 1988 sejam cumpridos. Apenas em 2005 conseguiram a edição da portaria declarando que tal terra era tradicionalmente ocupada por eles. De lá pra cá, o Poder Executivo nada fez. São 9.494 hectares para muita gente viver. O que ficou acordado é que os índios ocupem 10% da propriedade. Cansados de tanto descaso resolveram retomar o resto da área.

 O proprietário da fazenda conseguiu na justiça a reintegração de posse, no dia 12/12/2013 foi recusado pelo TRF 3 os agravos que pediam a suspensão do despejo. Dia 18, quarta, é a data provável que a Polícia Federal vá retirá-los a força...força mesmo, com bala e todo o arsenal dessa polícia que tem as raízes fincadas no regime militar de 1964.

Os guarani já avisaram : "A nossa decisão é lutar até morte pela nossa terra Yvy Katu. Nem depois de nossa morte vamos sair daqui".

E nós, cidadãos brasileiros, fazemos o quê? Pensamos no natal, no 13º terceiro, no recesso, na praia, nos amores à distância, na porra do IPVA, IPTU....tomamos a nossa cervejinha e dormimos dignamente.

- Não é problema meu !
- Esses índios depois que conseguem a terra arrendam tudo pra comprar uma Hilux !
- Esses índios são tudo um bando de preguiçosos ! Não querem trabalhar!
- Esses índios daqui não são índios de verdade, porque usam celular, índio de verdade só no Xingu!
- Esses índios só querem saber de cachaça....pra que dar terras pra eles? Vão falir o Estado!

Escuto essas alegações quase que diariamente....e tenho vontade de vomitar na cara dessas pessoas que são coniventes com o que está acontecendo.

Acordo todo dia meditando que esse mundo vai mudar.
Que o mundo ainda existe por causa das rezas dos Guaranis, porque eles ainda preservam a nossa terra, cansei de ver a soja e a cana-de-açucar espalhadas por todo o Mato Grosso do Sul.

E a história não acaba por aí.....

Tem minuta de Portaria apresentada pelo Ministério da Justiça, que diz ser um avanço para a demarcação das terras indígenas, mas é apenas um atraso, tem a comissão especial da bancada ruralista do Congresso Nacional que quer ressuscitar a PEC 215, tem leilão genocida que ninguém toca no assunto, tem fazendeiro querendo vender sua propriedade por valor que não é de mercado.


E você ? Não vai fazer nada?

Minha proposta é simples...vamos ao front dia 18, Assembleia reunir, braço a braço, vamos impedir esse genocídio !


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Leilão Genocida





O velho oeste não está só nas telas de cinema, nem nas notícias de jornais antigos, o velho oeste existe aqui e agora, em cada instante que se respira em MS.
Vamos aos fatos dessa cilada sanguinária : Governo Federal estipula prazo para resolver a questão da demarcação das terras indígenas, não cumpre o combinado, apresenta uma minuta de  Portaria que só irá enrolar mais a demarcação, índios já disseram que irão revidar, pois estão desde a promulgação da Constituição Federal aguardando a demarcação de suas terrras originárias.

Do outro lado, fazendeiros, donos de suas propriedades "privadas", exigem que o Governo compre suas terras, não só indenizando as benfeitorias, querem que seja indenizado a terra nua, alegam que quando compraram de boa-fé essas propriedades, foram enganados pelo Poder Público. Só que esses representantes do agronegócio não fazem questão de esperar a solução do Governo Federal, já anunciaram um Leilão, marcado para o dia 07 de dezembro, que tem como objetivo arrecadar fundos para contratar empresas de segurança para defendê-los dos "perigosos" índios.

Refrescando a memória

 "O Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul acusa uma empresa de segurança de Dourados (250 km de Campo Grande) de atuar como "milícia privada" para intimidar e expulsar índios de terras sob litígio no Estado.
A Procuradoria pede a dissolução e o cancelamento do registro da Gaspem Segurança Ltda.
A empresa trabalha com vigilância e segurança privada, mas, segundo o MPF, realiza ações violentas para retirar índios guarani-caiová de terras ocupadas ou intimidá-los.
Funcionários da Gaspem também enfrentam processo pelas mortes dos líderes guaranis Dorvalino Rocha, em 2005, e Nísio Gomes, em 2011, na região de Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai.
Segundo depoimentos ao MPF, a empresa chegava a receber R$ 30 mil para cada desocupação violenta".

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/08/1334152-milicia-armada-recebia-r-30-mil-para-atacar-indios-em-ms-diz-procuradoria.shtml

 A taxa de assassinato dos Guarani-Kaiowá é quatro vezes maior que a média nacional, 100 assassinatos por 100 mil habitantes, ademais cerca de 90% dos homicídios não são solucionados.

Podemos citar alguns casos para embasar esse dado, como é o do do brutal assassinato do Cacique (Nhanderú) Nísio Gomes ocorrido na terra indígena Guay´viry, município de Aral Moreira, em novembro de 2011; do estupro sofrido em outubro de 2012, pela indígena Guarani - Kaiowá da aldeia PyelitoKue/Mbarakay cometido por oito homens; do assassinato de dois professores indígenas Guarani- Kaiowá, Rolindo Vera e Jenivaldo Vera, da terra indígena Ypo’í, do assassinato da rezadeira (Nhandesí) Xurite Lopes, da terra indígena KurussúAmbá, do atentado ao ônibus de estudantes Terenas, queimado por Coquetel Molotov em junho de 2011, na cidade de Miranda, o assassinato do Terena Oziel Gabriel, na retomada da terra indígena Buriti, e recentemente do líder guarani Ambrósio Vilhalva.

Segundo dados dos relatórios de violência do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o Mato Grosso do Sul é o maior foco de conflitos entre indígenas e fazendeiros no país. O estado concentra 57% dos assassinatos de indígenas de todo o território nacional, 319 de 564 de todos os casos registrados na última década. Desde 2005, o Mato Grosso do Sul lidera os índices de violência contra indígenas. Em 2012, 37 dos 61 assassinatos ocorreram no estado - todos ligados à disputa por terra.

Fonte: http://www.cimi.org.br/site/pt-br/index.php?system=news&action=read&id=7060

Leilão da "Resistência"

Devido a uma ação ajuizada pelo Conselho Aty Guassu Guarani Kaiowá e Conselho Terena a fim de impedir a realização do Leilão, a juíza da 2ª Vara Federal de Campo Grande, Janete Lima Miguel, suspendeu o Leilão da "Resistência", todavia, os fazendeiros, donos do Oeste, afirmaram que irão descumprir a ordem judicial.

Conforme o presidente da Acrissul, aproximadamente 800 cabeças de gado foram arrecadadas para serem leiloadas, além de grãos e animais de pequeno porte. Entre os convidados estão confirmadas a presença de pelos menos 15 representantes do Congresso Nacional, entre eles os deputados federais Ronaldo Caiado (DEM/GO) e Luis Carlos Heinze (PP/RS).

Para Maia, o leilão tem a intenção de conscientizar os produtores rurais e uni-los para todas as questões que envolvem a terra. “Ontem foram os sem terra, hoje sãos índios, amanhã podem ser os quilombolas, o pessoal do meio ambiente, as ONGs, carga tributária, trabalho escravo, ou seja, uma serie de situações que se apresentam contra nós. O campo deveria receber prêmio pelo bem que faz ao país”, acredita.

Fonte: http://www.midiamax.com.br/noticias/884661-fazendeiros+continuam+com+leilao+para+financiar+combate+aos+indios+luta+terras+ms.html


De que lado você samba? De que lado você quer sambar?

Anuanciada a tragédia, o Coletivo Terra Vermelha juntamente com dezenas de outras instituições vem organizando um ato em favor das populações indígenas no Horto Florestal, dia 7 de dezembro, que vai começar às 14 horas e perdurará até a noite, com várias atrações musicais, teatro, exposição de quadros, debates, para a população que quiser ajudar, vai haver um ponto de coleta de alimentos e roupas, que serão posteriormente distribuídas para a população indígena que estão nas retomadas.
 O objetivo do ato é  mostrar que a sociedade em geral no Mato Grosso do Sul também tem setores que apoiam os movimentos indígenas e são contra a violência.

Hoje, à partir das 13 horas na Praça Ary Coelho, está marcado um panfletaço, quem quiser ajudar é só colar lá !

Depoimento emocionante de Maria Rita Kehl:

Do outro lado da estrada, os faróis dos caminhões iluminavam de passagem os fantasmas dos casebres em que eles viviam antes de entrar na fazenda. Se não era para entrarem de volta na terra que o fazendeiro tomara, por que tocaram fogo nas casas dos índios no acostamento?
Essa pergunta é a mais fácil de responder: maldade. Para mostrar quem manda. Além de manchar a perfeição monótona da soja, a simples presença de um acampamento indígena na beira da estrada arranha o sentimento de soberania do fazendeiro.
Não se trata de estética: o esqueleto dos casebres calcinados é muito mais feio do que a presença de gente inofensiva, mas persistente. Vai ver, o que incomoda é justo essa persistência a desafiar a lei do mais forte. A única lei que todos reconhecem na região. Menos os índios.
A razão dos guarani para permanecer na terra é um pouco mais sofisticada. Eles não admitem abandonar seus mortos. Que por sua vez foram assassinados porque se recusavam a abandonar a terra de seus mortos mais antigos -e assim por diante. O fio que dá sentido à vida deles não se rompe com a morte dos antepassados.
Ao contrário: os vivos continuam a se relacionar com os que se foram. Continuam ligados não apenas à memória dos mortos, como nós, mas ao terreno onde morreram e foram enterrados, pois ali eles ainda estão. Não se abandona a terra que abriga os corpos dos antepassados, dos companheiros e filhos, dos que morreram de velhice, de doença ou de tiro, ao proteger o mesmo cemitério indígena onde repousam antepassados ainda mais remotos.

Fonte: http://cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&action=read&id=7272


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Espera

Dedos frenéticos esperam a mensagem chegar.
3 dias sem feedback.
Trabalha, escuta gente interessante falar, capota.
Dias se vão rapidamene.
E nada!
Talvez esteja dormindo,
um sono tão embalado,
que nem dá vontade de acordar.
Talvez não queira mais me olhar nos olhos.
Pra não sentir saudade da morena dos olhos d´água....
Talvez queira me deixar ir embora,
sem falsas expectativas.
Talvez queira voltar a ser livre,
sair por aí, enchendo a cara,
flertando com todas,
como o diabo gosta.
 E eu, cansada de tomar atitudes;
de ser a única parte interessada,
me fecho em meu casulo.
Então está na hora :
de aprender a ser sozinha,
independente,
cavaleiro andante pelas ruas na cidade da garoa.
Não dá mais pra adiar,
encare a verdade,
os amores,
por mais contagiantes que sejam,
são passageiros.
Não quero ser mais uma vez a que implora.
Não quero ser invisível,
quero mesmo que as pessoas me enxerguem,
e me desejem,
pelo que sou.

domingo, 13 de outubro de 2013

Requisitos para renovar a alma






Desapegue.
Sinta.
Relembre.
Delete.
Aprenda a fazer tudo de novo.
Sozinha.
Se permita.
Selecione.
Hoje é dia de descanso,
a alma pede.
Chore no ombro do seu filho.
Veja que as tristezas do mundo não são só suas.
Faça carinho,
perdoe.
Invente novas possiblidades.
Planeje.
Plante.
Respire.
Tudo vai dar certo.
O amor se transforma,
é só deixá-lo ir.
Navegue por mares despretensiosos.
Se fortaleça.
A dor tem seus encantos.
Deixe fluir.
Limpe o coração,
faça aquela faxina.
Dê valor no que vale a pena.
Se acomode em casa,
leia um livro,
durma sem querer.
Se rebele às vezes,
pra dar uma agitada na vida.
Pras pessoas perceberem o não óbvio.
Aprenda com os besouros e sábias da madrugada.
Acorde cedo,
faça café pras pessoas queridas.
Ande descalço na grama.
Goste do tempo nublado,
ou do sol escancarado.
Lave o rosto,
cuide-se,
pra se sentir protegida.
E a cada amanhecer,
se deixe ser privilegiada.
Além de você,
muitas pessoas estão por aí tentando se encontrar.
Encontre-as e sorria.
Isso desarma qualquer energia negativa.
Abrace,
é o mundo....
que não nos pertence.



quarta-feira, 25 de setembro de 2013

E importa saber quem foi o culpado?
Quem é o autor e o réu dessa história?
Eu não fazia papel de vítima,
eu só sentia com todo o meu coração,
a dor de não te ter mais em meus braços.
De sentir um vazio imenso na alma,
andar em círculos sem achar um caminho.
Tento me libertar das culpas,
das expectativas que eu também criava,
pois no fundo você não vai se sair melhor por ter sido minha vítima,
ou eu vou ganhar o jogo por ter sido o seu algoz.
No fundo não sabemos o que fazer com corações despedaçados,
é o ciclo seco, nada mais nos atinge.
Não vomite toda a sua mágoa em mim.
Estou tentando viver sem esses sentimentos.
Esperança eu tinha de num passe de mágica voltar a ser feliz com você.
É muita ingenuidade da minha parte.
Aceito o destino sem pretensões.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Volto hoje pra casa.
Tenho que enfrentar esse receio da solidão.
O silêncio que invade os cômodos.
Sobe as escadas,
me encontra desarmada.

São Jorge me dê proteção,
Faço essa prece,
vou te colocar perto da porta principal,
pra me trazer bons fluídos.

Lendo Caio F. percebo,
as plantas fazem companhia
e dão trabalho,
vou me cercar delas .

Hilda na sua Casa do Sol,
se isolou do mundo,
seus cachorros lhe davam carinho e atenção.
Quero também ser invadida por cães.

Faço compras,
tenho que arrumar o aquecedor solar,
dar nova vida a casa,
que um dia foi sua.

Não quero olhar para aquele canto,
e me lembrar do armário da sua vó.
Preciso preencher os espaços vazios,
dentro de mim.

Ser uma desmemoriada de amor,
ou passar pelo ciclo seco,
sem tentar entender coisa alguma,
sim, também sinto o vácuo em minhas entranhas.

Mas não fujo,
estou aqui,
mulher feita, de olhos não serenos,
que vive e luta.

Talvez tudo faça sentido,
quem há de entender o destino?
Setembro se despede,
pra você que não tem mais pressa.

Acalma,
é só com a dor que se aprende.
O tempo...
cura todos os males.
Espera !




segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Ode a um sociopata

Então são quase sete horas,
e eu preciso sair,
tratar de ser eu mesma,
passeando por aí.

Quisera ser a Ellen Gracie,
com seu coque montado,
cabeça de julgador,
 em suas vestes talares.

Não, não nasci pra ser assim,
tampouco engomada,
nos perfis do judiciário,
sou apenas aguentável.

O que será que será?
Pergunta redundante,
Galeno é quem responde:
Não quero saber de mim,
quero mesmo é mudar o mundo.

Dinheiro não me interessa,
Pompa de festas, whisky regado,
Charutos e expressões de superioridade,
Não tenho esse viés.

Prefiro falar com o copeiro,
do que olhar pra cara de certos "doutos",
Prefiro lutar pela minha liberdade,
do que me entregar ao sistema.

Diz minha mãe que tenho sociopatia,
não é possível minha menina,
ser tão agressiva dessa forma,
Sim, minha mãezinha.

O mundo lá fora me fez essa daí,
que não abaixa a cabeça,
que luta,
por uma vida digna para todos.

Se isso é ser sociopata,
podem me internar,
pois não vou mudar,
abraço somente quem eu quero: os meus irmãos.

Não pretendo fazer caras e bocas,
e fingir que está tudo bem,
Puxar  o saco da corja,
só pra me dar bem.

Sete horas batem a minha porta,
eu já me lanço.
Um dia....ah, um dia,
terás orgulho de mim!




segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Todo cambia




Já passei por esse estado mental algumas vezes, de perda, solidão, desespero e dor.

Conhecia um único caminho pra tentar enfrentar essas sensações, a vereda dos poetas, loucos, marginais e afins. É verdade, sempre gostei desse lado, sempre me atraiu o submundo, talvez porque eu achava que só assim conseguiria escrever, tinha que espremer até a última gota, queimar a largada, como cansa de repetir um amigo meu.
Mas hoje, com a cara inchada de tanto chorar, com o corpo exausto, devido a falta de comida e sono, acho que não vou mais me compadecer desse pensamento.
Não vejo que é isso que vai me fazer evoluir, que é dessa forma que vou aprender a finalmente me virar sozinha. As respostas podem estar aqui na minha frente. A mudança é agora, nesse minuto, nessa mesa, na minha postura. A vida é sagrada, como diz o meu ex e eterno amor.
O que me mata e me faz ficar cada vez mais cega?
O que fazer com toda essa liberdade?
Tomar decisões, pequenas decisões cotidianas, atravessar o senso comum, o "cool", o esperado.
Porque eu sei que as pessoas me olham e julgam.
Já ouvi, outras pessoas vieram me falar....e essas mesmas pessoas que me julgam e apontam o dedo, são justamente essas que se dizem tão libertárias...papo furado.
Cansei de ser a porra louca do mundo.
Todo cambia, Mercedes canta, e é pra mim.
Eu sei diva, eu vou mudar também.
Não vou fazer uma lista das minhas pretensões.
Mas lavar o rosto e enfrentar o mundo já faz parte da mudança.
Até que sorrio devagarinho.
Chegou a hora.
Eu X Eu.
Eu sei que perdi um grande amor, o maior de todos os tempos, porque de repente me entreguei, me perdi na crueldade da vida. E é tão bom abrir os olhos, se encarar, e perceber o que você não quer.
Não é, Léo?
Não sou forte o bastante ainda.
Vou tentar. Por mim.
Por nós.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Campanha “Dudu Livre” arrecada livros para presídio e denuncia arbitrariedade da Guarda Municipal


 
 
 
Durante a manifestação do dia 7 de setembro na Praça do Rádio, organizada por várias associações e movimentos sociais, tais como Anonymous Mato Grosso do Sul, Vem Pra Rua Campo Grande e Grito dos Excluídos, amigos do ator Eduardo Miranda Martins, o Dudu, irão lançar uma campanha com o intuito de cobrar das autoridades do Poder Judiciário a sua soltura.

Como estratégia de mobilização, serão arrecadados livros para que sejam doados ao Centro de Triagem, presídio onde Dudu se encontra. Dessa forma, enquanto não ganha a liberdade, Eduardo poderá promover atividade cultural importante, incentivando a leitura entre os detidos e os agentes carcerários, organizando uma biblioteca no local.

Outra forma de chamar a atenção da opinião pública será através de uma intervenção artística. Os amigos do ator vão ficar, durante as manifestações do dia 7, enjaulados, revezando-se, a fim de que as pessoas que estejam na praça tomem conhecimento do abuso de poder ocorrido nessa prisão, do desrespeito às garantias e direitos fundamentais e das liberdades individuais.

A performance questiona as políticas criminais e de segurança pública, que não são pautadas por valores democráticos e tampouco voltadas ao interesse público.

Droga plantada

Dudu foi preso após a passeata do dia 21 de junho, em frente ao Paço Municipal, como assevera Carol Emboava, testemunha que estava ao lado dele no momento em que foi pego:

“De repente, vimos um movimento de cerca de cinco pessoas com roupas normais saindo da ‘corrente’, ‘paredão’ que cercava a Prefeitura. Eram guardas municipais que ‘protegiam’ a Prefeitura. Um fingiu que foi pegar o ônibus, os outros foram para o outro lado disfarçando... chegando perto do ponto de ônibus, o homem que fingia estar esperando o ônibus (guarda à paisana, estava de boné vermelho, blusa branca, jeans, capa de chuva e mochila estilo ‘saquinho’) correu e pulou no Eduardo Miranda, os outros homens (guardas à paisana) que foram para o outro lado chegaram o derrubando, rendendo o Eduardo. Ele caiu, colocou os braços para cima e disse ‘mas eu não fiz nada, eu não fiz nada...’. Eu esperei que eles me pegassem, não me pegaram, eu saí caminhando lentamente e observando, foram levando o Eduardo Miranda para trás da Prefeitura, para dentro da ‘corrente’, do ‘paredão’ de guardas que estavam trabalhando naquele dia.”

Outra questão intrigante revelada pelos autos de inquérito policial é que Dudu foi detido aproximadamente às 20h30, mas só foi levado para a DENAR (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico), segundo consta na lavratura do termo de detenção, por volta de 01h40, o que demonstra a ilegalidade da ação dos guardas municipais.

Dudu foi enquadrado pelo crime de tráfico de drogas, de acordo com a denúncia do Ministério Público. Supostamente foram encontrados em sua mochila 23 papelotes de cocaína e uma trouxinha de maconha.

Desde o ocorrido, seus amigos se mobilizam via Facebook para relatar uma nova versão dos fatos, a de que a droga foi plantada pela Guarda Municipal, ou seja, de que houve um flagrante forjado. Também denunciam que o modo como a prisão foi realizada teve caráter arbitrário e ilegal.


Na primeira semana em que Dudu ficou detido no Presídio de Trânsito, nenhum advogado conseguiu visitá-lo. Para garantir essa visita – que é direito constitucional –, a advogada Carine Giaretta teve que acionar a Comissão de Direitos Humanos da OAB e a Comissão de Defesa e Assistência das Prerrogativas dos Advogados, sendo que os membros da primeira comissão também participaram da impetração de habeas corpus.

Os advogados de Eduardo Miranda, Rogério Batalha Rocha e Arnaldo Molina, já impetraram habeas corpus, que não foi conhecido pelo Desembargador Relator, Carlos Contar, bem como promoveram um pedido de revogação de sua prisão na 4ª Vara Criminal de Campo Grande, que foi indeferido no dia 03 de setembro.

Cidadão politizado e com engajamento cultural

Eduardo Miranda Martins é um jovem negro de família muito humilde. Foi candidato a vereador pelo PPS em 2012. Seu discurso político incluía um enfrentamento à Guarda Municipal, com declarações contra o Projeto de Lei – atualmente aprovado – que altera o art. 8º da Lei Orgânica do Município, autorizando o porte de arma pelos guardas. Entre outras coisas, Dudu criticava a falta de um regimento disciplinar para a Guarda.·.

Além disso, no dia 30 de abril, Dudu protocolizou reclamações contra a Guarda Municipal na Câmara dos Vereadores, na OAB e no Ministério Público Estadual, alegando ter sido espancado por 12 integrantes da Guarda, o que foi amplamente divulgado pela imprensa. O processo administrativo está sendo apurado pela Corregedoria da Secretaria de Segurança Pública de Campo Grande.

Os amigos de Dudu apontam para a estranheza do fato de que apenas ele, entre os ativistas presos nas manifestações de junho, foi acusado pelo delito de tráfico de drogas, justamente pela Guarda Municipal que o ator vem denunciando há muito tempo.

Dudu, além de ser cidadão politizado, tem participação ampla em atividades culturais na cidade. Coordenou e participou de diversos eventos como o Festival das Culturas Populares, Cinema Livre, Vídeo Índio Brasil, Teatro no Ponto, Avá Marandú, Semana Brecht, Mídias Contemporâneas e Narrativas Populares, Campo Grande Meu Amor, além de ser professor de teatro no projeto “Casa de Ensaio”.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Bom partido

Talvez seja isso: não sou um bom partido "casável" .
Vamos encarar os fatos: não paparico marmanjo, não sei fazer uma galinhada, não varro os 3 ou 4 insetos distribuidos nos cantos da casa, não sei lavar roupa de veludo, não tiro a mesa do café apressadamente, não vou a manicure, não uso batom diariamente, não pego a cerveja na hora do jogo, não arrumo a cama todo santo dia, não rezo.
Tem mais: não acompanho o marido toda vez que ele precisa viajar.
Aí, vem o lado perverso, temido: eu, assim, tão libertária !
Isso não pode, te desqualifica para o status "casável".
Não aceite cerveja de um desconhecido, não saia se não for ao lado do marido, não dance na frente do palco sozinha, não use vestidos curtos....e se for pra usar maquiagem, não invente de passar aquele lápis azul de olho, que só cai bem em européias.
Não fale palavrões, tenha postura, esteja sempre bem arrumada (dentro dos padrões de beleza), porque afinal de contas, aparência é tudo nessa sociedade capitalista patriarcal.
Eu tentei me enquadrar nos parâmetros aceitáveis da sociedade.
Na verdade, achava que eu tava velha demais pra ser eu mesma.
Mas quando ele me conheceu eu já era assim...
O que foi que mudou?
A boa moça se prostituiu para o mundo da subversão, a Pollyana, coitada, foi abduzida para as luzes do blues...gostou de sentar na mesa do bar, conversar com os amigos, ser ela mesma, pelo menos uma vez na semana.
Se identificou mais uma vez, com as reuniões, passeatas, vígilias, articulações políticas....mas isso não faz parte do mundo de mulheres que querem ser "casáveis".
Ficou só mais uma vez.
Mulheres assim, acabam sozinhas, impõe o patriarcado.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Setembro

Talvez essa ventania louca de agosto,
setembro batendo a minha porta,
solteiros de meia idade
prontos para barbarizar.

Talvez essa dor no meu útero,
que será queimado em breve.
Meus olhos distantes,
de ressaca,
da sorte mal dormida
e do azar a contragosto.

Talvez sejam as asas de Frida,
a fumaça do cigarro de Kerouac,
tudo se desatina,
em expectativas dilaceradas.

Talvez seja um pouco de mim,
que só quer dormir,
com cantos de ninar
e alguém a embalar.

Talvez falte a mãe,
o pai e o filho.
O vazio da sala,
que me faz chorar.

Talvez eu seja a Celine,
feminista raivosa,
nascida pra ser
apenas sozinha.

Talvez o tempo dilua tudo,
minhas mágoas
e
culpas.

Em breve
volto a ser eu mesma,
porra louca pra uns,
Pollyana pra outros,
sonhadora às avessas,
e poeta das rendondezas.




quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O caso Dudu

Não tenho como ficar mais quieta. Passividade nunca foi o meu forte, preciso falar, afinal de contas, estou super envolvida com esse caso "Dudu". Já tinha visto o Dudu em várias manifestações do Coletivo Terra Vermelha, mas nunca tinha conversado com ele. No dia em que fomos apresentados, na vigília que aconteceu na praça do Rádio, em homenagem ao Oziel, achei o Dudu uma figura.  A gente tava com várias faixas, e fazia frio nesse dia, o combinado era acampar na praça, Dudu não tinha levado barraca e nem casaco, se enrolou numa das faixas pra não passar frio.
Nesse mesmo dia, havia 5 barracas montadas,  e a Guarda Municipal resolveu aparecer, éramos umas 10 pessoas, os guardinhas chegaram apavorando:
- Vocês não podem ficar aqui, tem autorização lá da Prefeitura?
No mesmo instante, eu que estava de prosa do outro lado da praça, resolvi intervir:
- Olha, não temos que pedir autorização pra ninguém, está na Constituição que temos o direito de nos reunir pacificamente....
Os guardinhas:
- Mas na Lei Orgânica do município vocês não podem invadir área pública sem avisar!
Eu retruquei:
- Olha só, seu Guarda, a Constituição Federal é superior a Lei Orgânica do município, amanhã vai ter sim uma grande passeata aqui nessa praça, e a Prefeitura e todo mundo já tá sabendo disso, portanto, nada nos impede de permanecer aqui.
Os Guardas Municipais foram embora, Dudu me olhou comovido e disse:
- Ainda bem que você peitou eles, eu já estou bem visado, em qualquer lugar que apareço sempre tem um guardinha municipal pra me aporrinhar....
O Dudu já se sentia perseguido, porquê?

Vamos aos fatos: No dia 29 de abril, ele estava na Orla Morena, e sem mais ou menos, foi agredido pelos guardas municipais, não querendo deixar barato, procurou diversos órgãos pra denunciar o abuso de autoridade, MP, OAB e a Câmara dos Vereadores.
Quer mais? Dudu foi candidato a vereador pelo PPS ano passado, uma das bandeiras de sua campanha era ser contra o porte de arma da guarda municipal, matéria que já foi votada e  já está inserida na Lei 4520- criadora da GM de Campo Grande (art. 48)-, agora, a guarda municipal vai poder usar armas, e sair atirando a Deus dará, porque enfim, se algum guarda municipal sofrer  processo administrativo, a comissão de sindicância são os "representantes da própria corporação"....vide Lei 4520, art. 40, § 1º:
"§ 1º As sindicâncias serão conduzidas pela unidade de correição da Guarda Municipal e as comissões que atuarem nos processos administrativos para apurar infrações administrativas e disciplinares da Guarda Municipal serão sempre integradas por representante da própria corporação".

Pra entender a prisão de Dudu

Junho de 2013, o país estava em polvorosa, em Sampa, onde foi noticiado que dezenas de manifestantes e jornalistas sofreram agressões por parte da polícia, alguns dias antes desse episódio, os manifestantes eram "vândalos", naquela quinta-feira (dia 13), os manifestantes viraram "heróis" pela grande mídia (porque talvez o tiro tenha saído pela culatra).
As manifestações ganharam força em uma semana, o Brasil inteiro saiu às ruas, já escrevi um texto sobre isso , não preciso entrar em detalhes. Aqui em Campo Grande, no dia 20 de junho, segundo a imprensa havia 30 mil nas ruas, já no dia 21, como estava chovendo, acho que havia 5 mil pessoas no máximo. Eu estava lá, junto com o pessoal do Coletivo Terra Vermelha e teatro maracangalhá, lembro que vi o Dudu de relance, sempre feliz, com um sorrisão na cara.
Encontrei o pessoal no meio do caminho e fomos até a Câmara dos vereadores, lembro que a minha mãe ligou e me recomendou pra não sair quebrando tudo (rsrsrsrs), poucos minutos depois, começaram a tentar invadir a casa legislativa, eu fui voltando pra Afonso Pena, mas querendo ficar, lembro que estava com mais dois amigos, e vimos o carro da CIGCOE voar pela avenida principal da cidade.
Também passei na frente da Prefeitura e vi a corrente de policiais abraçando todo o prédio.
E foi ali que o Dudu foi pego.
Como eu, tinha saído da manifestação, estava passando em frente a Prefeitura, estava com uma amiga, quando ali da Prefeitura saíram 5 guardas à paisana, montaram em cima dele, e o arrastaram para trás desse local, a amiga coagida, foi embora.
Horas depois saí a notícia bombástica nas redes sociais : Dudu foi preso em flagrante por tráfico de drogas, encontraram na mochila dele 23 papelotes de cocaína e uma porção de maconha.
Na primeira semana da prisão ninguém conseguiu falar com ele, eu resolvi ir até o presídio de trânsito, com um amigo advogado, ele pode entrar, eu não (não tenho mais a carteira da OAB).
Dudu disse que era inocente.
Formamos um coletivo, através do facebook, todos os dias estamos conectados e pensando de que forma podemos ajudar o Dudu.
Foi impetrado HC, negado pelos desembargadores,vamos de novo tentar, juntar provas, buscar novos depoimentos, mostrar o outro lado da moeda.
Sabe, quando conheci o Dudu, estava eu, ele e Rogério comprando frutas no supermercado pra compartilhar com a galera do acampamento, ele me disse:
-Ainda bem que vocês são advogados, se algum dia eu for preso, vcs vão me salvar!
Estou em dívida com o Dudu. Estou tentando, todos os dias, construo os fatos na minha cabeça, e penso como mostrar a verdade para as autoridades do judiciário.
Já falei com o Promotor, com a imprensa, com a Comissão de Direitos Humanos da OAB, estou tentanto.
A liberdade criou forma, tem cor e endereço.
Vive agora me martelando.
Podia ter sido eu naquela noite.
Mas já estava tudo armado.
A liberdade chama-se Dudu!

terça-feira, 30 de julho de 2013

La vie en rose




A ideia de poder ter alguma coisa muito grave no colo do útero me assusta. Talvez porque eu seja mãe, e depois da maternidade fiquei medrosa. Antes não temia nada. Era aquele pensamento da juventude, tenho a vida inteira pela frente...
O sentimento de ter algo a perder  me estremece.
Repensar o que se foi e o que está por vir, acho que a maioria das pessoas enterram a cabeça no buraco pra não sentir, colocam o sorriso amarelo e vão vivendo conforme a música.
Apesar de toda a minha sinceridade, do meu jeito desbocado de ser, já usei como estampa esse sorriso amarelo. E cansei, talvez nas minhas bebedeiras eu demonstre o meu desassossego.
Esses 20 dias esperando os resultados dos exames, biopsia, ultrassom, captura híbrida, o caralho a quatro, vão me fazer mudar?
Vou comer mais salada, frutas, cortar o açucar, meditar?
Vou tentar encaixar os pedacinhos desse quebra-cabeça montando o meu coração?
Vou ser aquela mãe que cozinha, acorda cedo, não grita, que não fala palavrões, igual a do comercial de margarina?
Vou querer encher o cú de dinheiro, comprar vestidos novos, sapatos caros, fazer a unha no salão chique da cidade, cagar e andar pras notícias que me rodeiam?
Ou quem sabe pra não ser tão artificial realize algus sonhos!
Lembro-me que em 1999 fui pra Bonito, conheci uma galera bicho-grilo, aprendi fazer pulserinha e não caí na estrada por comodismo, talvez então arrume a mochila e vá viver um pouco esse lado Kerouac tão guardado em mim.
Volto e escrevo um livro.
Ou então vou pra Cuba,  tomar mojitos, conhecer os lugares que o meu herói se enveredou, conhecer de perto a minha ideologia.
Ou vou para o Rio, me torno uma "Black bloc", saio por aí quebrando bancos, tacando pedras em policiais, viver em passeatas e sonhos, como no maio francês, a imaginação no poder, transcendo o meu 1968.
Volto pra Chapada dos Veadeiros, moro numa comunidade alternativa, mexo com a terra e viro vegetariana, me acho no meio da multidão.
Danço o meu último blues na frente do palco, com os cabelos soltos na cara, olhos fechados, como nos velhos tempos....
Leio Ulisses, Proust, vejo Fellini, Buñuel, Bergman, Godard e Pasolini.
Ou vou morar com os índios, receber uma cura espiritual, lavar a alma, me integrar com a natureza, conhecer novas línguas, novos rostos, novas percepções.
Ou fico com o meu filho todos os dias da minha vida, ouvindo o "Eu te amo" mais doce do mundo.
Já sei ! Invado o presídio de trânsito e liberto o Dudu, depois levo um tiro igual a Heloísa, e morro sendo uma revolucionária!
Escrevo essa ficção apenas pra me alegrar, dar risada, sou assim, não perco a piada nem dentro do avião (onde tenho o maior medo de todos).
Poderia ter sido diferente, mas não foi.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Não para não!


"Aqui estão os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os criadores de caso. Os pinos redondos nos buracos quadrados. Aqueles que vêem as coisas de forma diferente. Eles não curtem regras. E não respeitam o status quo. Você pode citá-los, discordar deles, glorificá-los ou caluniá-los. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas. Empurram a raça humana para a frente. E, enquanto alguns os vêem como loucos, nós os vemos como geniais. Porque as pessoas loucas o bastante para acreditar que podem mudar o mundo, são as que o mudam."

Jack Kerouac.






A cada dia penso que se o gigante acordou, deve ter pitado um e votado a dormir....porque depois de tantas passeatas e algumas promessas do Governo, não vejo nada de concreto acontecendo. Na real, parece que as coisas estão piorando, dois fatos alarmantes me deixaram atônita : a a tal da "Minireforma" Eleitoral e a PLP 227.

Vamos situar você, querido leitor: A "Minireforma" eleitoral prevê a autorização da candidatura de políticos que tenham tido suas prestações de contas rejeitadas , o fato de os mesmos terem apenas apresentado as contas à Justiça Eleitoral já estaria valendo (ops....vamô deixar a boiada entrar!), permite financiamente de campanhas políticas sem recibo (é só tirar um extrato bancário que tá tudo certo, mano !), esses são os pontos mais importantes da parada que está por vir no próximo semestre, porque os Deputados e Senadores estão tirando o seu merecido recesso, o país tá um caos, mas pode esperar.....temos que curtir as viagens pagas pelo bolso do contribuinte, com direito de ir e vir nos aviões da FAB (Farra Aérea Brasileira).

PLP 227....what a fuck is that? Projeto de Lei complementar ...que visa regulamentar o § 6º, do art. 231 da Constituição Federal, vejamos:

"§ 6º - São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé."

Então é isso, a bancada mais conservadora e reacionária do Congresso quer que esse projeto de lei se torne rapidamente uma lei, assim, num piscar de olhos....porquê ?? Vejamos a justificativa dessa PLP ( pesquisei na internet o conteúdo da mesma e no final vinha essa justificativa sem vergonha):


"A aculturação indígena, que tem retirado grande número de silvícolas (tsc) de suas aldeias, é dado importante para ser considerado no âmbito da discussão da expansão de terras já demarcadas. As áreas destinadas aos indígenas, muitas vezes, ultrapassam o tamanho de municípios que acolhem população centenas de vezes maior que a população indígena habitante da reserva.
Como exemplo podemos citar o recente caso da expansão das terras atribuídas aos Guarany-kaiwá (tsc). A terra em questão possui uma área cinco vezes maior que o perímetro do município do Rio de Janeiro.
 
O CIMI (Conselho Indigenista Missionário) soltou nota criticando duramente a tentativa da bancada ruralista de golpear os indíos pelas costas : "O PLP 227/2012, de relatoria do deputado ruralista Moreira Mendes (PSD-RO), pretende legalizar o esbulho das terras indígenas, bens da União, em benefício de latifúndios (agronegócio) privados, estradas e execução de projetos hidrelétricos, expansão urbana, extração de minérios e toda sorte de infortúnios que tal processo costuma carregar em seu ventre de desgraça".
 
Assim, o gigante tem que largar a mão de ficar bocejando e ir em frente. Não dá pra parar, não pode, não deve.
Nada mudou, não sejamos ingênuos!
 
***Só um adendo, o Dudu, ativista, ator, continua preso aqui em Campo Grande. Estava participando de uma manifestação e foi plantado em sua mochila 23 papelotes de cocaína....foi preso em flagrante pela guarda municipal....muito estranho mesmo ele ter sido preso justamente pela GM, porque desde 2010 o seu discurso político bate de frente com a atuação da guarda, e pra prendê-lo o arrastaram para trás da Prefeitura, na calada da noite, pra ninguém ver a armação...o Dudu caiu na emboscada, e ele só queria protestar!
 
 


sexta-feira, 21 de junho de 2013

O gigante acordou?

Há uma semana a vida anda meio esquisista ( a minha).
Lembro que na sexta passada comecei a ver pela TV as imagens da passeata em São Paulo, a truculência da polícia, entrei no facebook e não acreditava...
Saí triste pra trabalhar.
Duas semanas antes desse acontecimento, estava eu na Praça do Rádio acampada, fazendo uma vígilia/protesto por causa da morte do terena Oziel, que também foi assassinado pela polícia.
Sabe quantas pessoas na praça teve coragem de passar a noite lá?  Umas 10 pessoas, isso que lá na nossa página do facebook 400 tinham confirmado presença....e ontem, pasmem, nesse mesmo lugar havia 40 mil pessoas!
Beleza, em 7 dias o país mudou, não sei bem o que aconteceu, tô tentando entender, mas quase todos os meus amigos da rede social não paravam de postar sobre as passeatas no Brasil a fora, amigos assim, vamos dizer, despolitizados, que sempre me viram como uma E.T...
- Ai, Pri, como vc não gosta de sertanejo? Vc acha que panfletar e ficar gritando no centro da cidade vai mudar alguma coisa? Não tá velha demais pra isso? Vc não tem mais 20 anos...
Pois é, agora todo mundo se acha descolado em pegar um cartaz, e não importa a mensagem, pode tudo, o lance é ser contra alguma coisa...foi o que senti ontem na marcha de Campo Grande.
Lógico, não vou dizer que não foi emocionante, porra 40 mil pessoas......mas será que elas sabem porque estão ali?
Vamos falar a real: muitas não sabem....não sabem ao menos o que significa PEC (Projeto de Emenda Constitucional), não sabem que se for para lutar contra a corrupção, primeiro temos que acertar as contas com os governantes daqui da região...tipo André Puccinelli.
Fui nas reuniões que teve para organizar a marcha/passeata/manifestação, e fiquei besta de ver os comentários, eu não falei nada, realmente me senti uma tia "comunista", meio velha demais para a atual juventude. Só que era impressionante as falas, por exemplo:
- O pessoal da DEPOL vai estar com a gente, eles vão protestar a favor da PEC 37 (aplausos).
Enfim, um pessoal mais exaltado tentou argumentar que a manifestação era CONTRA a PEC, que ia ficar algo  meio contraditório e tal.
Depois disso vejo o vídeozinho do cara mascarado do filme V de Vingança, aí ele determina o que deve ser de pauta para as manifestações, ok, contra a PEC 37, contra o foro privilegiado, contra o Renan....fiquei pensando: Brasil, mostra a sua cara! Mostra a cara aí porra seu Anonymus !
Eu não quero me manifestar sobre o foro privilegiado...que recolham assinatura e façam uma lei então, como foi a Lei da Ficha Limpa, sabe, algo concreto...eu quero sim ir para as ruas continuar a minha luta, ou os movimentos sociais que já estavam na sua caminhada devem ser esquecidos???
Quem é vc pra falar o que eu devo fazer ou pensar??
Não, não sou massa de manobra!
Aqui no Mato Grosso do Sul  temos outras pautas mais urgentes. Realmente acredito que tem uma galera ontem que estava preocupada com a saúde, pois é esse povo que pega fila em posto, que não é atendido, que é tratado como mero joguete nas mãos dos  políticos.
Tem gente que se cansou e vê esperança na força do povo.
Mas vi muita gente me olhar torto pelo fato de estar carregando um cartaz que defende os direitos indígenas...sim, eu era uma E.T novamente no meio daquela multidão !
Eu só espero que nasça algo realmente transformador nesse bando de gente reunido, que não seja uma "modinha" do facebook, que as pessoas que nunca estiveram em manifestação sintam despertar aquele frio na barriga, que eu sempre sinto, não importa se tem 40 mil pessoas ou 10....



sábado, 15 de junho de 2013

amor

O amor veio,
deu um drible.
me fazendo de panaca.
E foi-se embora.
Não disse adeus,
nem até logo,
virou a esquina,
desarmado,
sem olhar pra trás.
O amor me usou,
me fez de gato e sapato,
me contagiou a toa.
Fez de mim um pequeno escravo,
que agora não tem mais serventia.
O amor,
trouxe esperança.
Me virou do avesso.
Insistiu.
E pisoteou sem mais nem menos.
O amor,
pede vinho, pede colo,
pede cigarros,
pede calma.
O amor,
me deixou inerte.
Com medo.
O amor,
me fez parar de dizer "Eu te amo",
me fez comer 3 pés-de-moleque,
me fez sonhar acordado.
O amor,
abriu o peito,
mostrou-me o que não queria ver.
O amor,
acabou-se.
O amor,
me tornou patético.
O amor,
me deixou só,
livre,
sem rodeios,
nem leveza.
O amor,
vai me fazer encarar o futuro,
de olhos abertos,
sem esperar.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Comissão da Verdade ?




Eu me lembro de ter lido em algum site de notícias que o Ministério Público Federal estava oferecendo denúncia contra os militares da década de 60/70 , responsáveis pelo desaparecimento de vários militantes de esquerda, até hoje não encontrados, a tese era que se tratava de crime continuado.
Achei brilhante tal postura....pensei com os meus botões, a justiça tarda, mas não falha!
Posteriormente, fiquei sabendo da Comisssão da Verdade implantada e idealizada pela nossa Presidenta, apesar de não ir muito com a cara dela, fiquei feliz pela iniciativa, embora não entendesse muito bem pra quê investigar crimes bárbaros do passado se não vai haver punição.
E hoje e sempre essa história do regime militar sempre bate a minha porta.
Estou acompanhando os depoimentos dos milicos, que agora negam tudo, nunca ocorreu mortes, nem estupros, nem torturas....aliás o lado negro da coisa é a esquerda, TERRORISTA, comedora de criancinhas, os vermelhos impiedodos!!
Aí vem esse Ustra querendo dar uma de bom santo....e fico lendo abismada os comentários dos leitores, apoiando o regime militar, aplaudindo de pé, como se eles fossem os heróis.
Fico besta de viver num país sem memória.....e pior, de acreditar que nós, de esquerda, somos todos gatos do mesmo balaio. Por exemplo:
- Se você é de esquerda automaticamente é a favor do PT, dos mensaleiros, do Lula, da Dilma.
- Se você é des esquerda, apoia o Fidel, o Chávez...
Bicho, eu sou de esquerda, mas não faço parte dessa patota.
Ou será que pertenço a qual nomenclatura partidária?
Enfim, sou da esquerda que tem sede de justiça; não adianta vir com essa história de "Comissão da Verdade" se não há consequências, punição, cadeia, xadrez.
O 1968 cravado no meu antebraço faz sentido: os Procuradores da República conseguiram dar o pulo do gato, ó a lógica da coisa, as investigações se fixa no tipo penal de desaparecimento forçado, previsto no direito internacional como crime contra a humanidade, considerado permanente e sem prescrição (quando o acusado não pode mais ser punido). Crimes de tortura, homicídio e ocultação de cadáver tiveram, em muitos casos, origem no desaparecimento forçado. Para o MPF, esses crimes não podem ser contemplados pela Lei da Anistia, mesmo após decisão de 2010 do Supremo Tribunal Federal que confirmou a validade da lei, que prevê que tanto crimes cometidos por civis quanto por agentes do Estado durante a ditadura não podem ser punidos.
Além disso, o MPF diz que, no caso de desaparecimentos ainda não esclarecidos, o crime continua até os dias atuais, enquanto a Lei da Anistia assegurou a não punição apenas para os crimes cometidos durante o regime militar.
Sim....faço parte dessa esquerda aí. Talvez o meu futuro esteja assegurado nesse ideal, talvez os meus heróis são esses "juristas partdários do PT", como concluem os conservadores.
Finalizo com Cazuza, meu herói marginal  predileto dos últimos tempos: "Vamos pedir piedade, senhor piedade, para essa gente careta e covarde!"

quinta-feira, 2 de maio de 2013

"Mentiras sinceras me interessam"






Ontem, devido ao feriadão, estava na chácara assim "numa relax, numa tranquila, numa boa". Acordei cedinho com os gritos do Antônio do lado de fora brincando com o seu amigo Pança.
Logo após o café, fui procurar o que fazer, e como o Toninho tá numa fase super independente, eu não preciso ficar correndo atrás (bem diferente do meu irmão, que fica 24 horas na cola do Heitor), peguei um livro pra ler, queria algo light por assim dizer, aí escolhi "Só as mães são felizes", de Lucinha Araújo, a mãe do Cazuza.
Deitei na rede e simplesmente não vi as horas passarem.
O primeiro capítulo fala justamente da morte do Cazuza, de todo o sofrimento dela, da mãe tendo que cuidar do filho nas últimas, definhando, de como o Cazuza ainda tinha bom humor pra lhe dar com aquela situação, e a esperança de que ia viver muitos anos.
Foi em 1990, a AIDS era uma doença pouco estudada, não tinha os coquetéis de remédios que tem hoje, Cazuza descobriu que estava infectado em 1987, já em 85 tinha uns febrões, desconfiava que estava doente mas o primeiro exame deu negativo.
Continuou com a sua vida rebelde, Cazuza soube viver, não deixou de lutar, e assumiu publicamente que era portador da doença em pleno anos 80.
A Veja, pra variar, colocou ele na capa e fez uma reportagem super sensacionalista, sentenciou a sua morte , e disse em letras garrafais que por causa da doença sexualmente transmissível, Cazuza estava agonizando em praça pública.
As 400 páginas foram devoradas em menos de 24 horas, fiquei com vontade de conhecer Cazuza, de ser sua melhor amiga, de ter vivido no Rio nos anos 80.
Bom, não consigo parar de pensar na vida dele.
Sua mãe, Lucinha, após 3 meses da morte do filho, começou a ajudar um Hospital do Rio que tinha o maior número de pacientes portadores do HIV, e posteriormente fundou a Socidade Viva Cazuza.
 Ela que nunca mais queria tocar no assunto relacionado a doença, há mais de 20 anos administra essa casa que apoia e ajuda a tratar os soropositivos.
Acho que mais ou menos um mês atrás comprei o primeiro álbum do Barão Vermelho, escutei repetidas vezes....ficava pensando: Esse Cazuza sabia o que tava fazendo!
Ele não sabia não....demorou um pouco pra entender esse lado artista, nunca tinha cantado em banda nenhuma, ficou surpreso com o sucesso !
Morreu aos 32 anos, idade que faço em agosto.
Só agora estou começando a amadurecer e passo a entender melhor a minha vida.
"O tempo não para..."
  http://www.vivacazuza.org.br/



sábado, 6 de abril de 2013

Eu sou assim

Um coletivo se consolida com a união das pessoas.
Eu, mais uma vez, cheguei a pensar que um novo mundo era possível.
Era como estar novamente no Fórum Social Mundial.
Ou voltar as minhas manhãs de sábado fazendo os programas da Rádio Muda da Unicamp.
Ainda me fez lembrar da época de ciências sociais, onde invadíamos a reitoria.
Os panelaços na Puc-Campinas; os congressos estudantis; a reunião das feministas.
Como nasci em 1980, idolatrava os anos 60, é o mesmo insite do Woddy Allen quando fez " Meia-noite em Paris".
Li muitos livros que relatavam os anos de chumbo no Brasil.
Filmes, séries de TV, músicas politizadas, sempre pertenci a esse período.
Me arrepia até hoje ver as imagens em preto e branco dos estudantes fugindo da cavalaria.
A contracultura foi como um soco no estômago: o mundo não era tão óbvio assim.
Eu não era uma Barbie que acabou de sair da fábrica.
Fico pensando.....como as pessoas ainda são tão conservadoras?
Essa semana foi publicado um Provimento regularizando o casamento civil  homoafetivo no Estado, foi feita uma enquete num site de notícias, e quase 70% da população é contra essa nova concepção de igualdade.
Em que mundo eu estou??? Em que década? Em que século?
Aí, continuando nessa história de luta, me enveredei pela questão indígena.
Comecei a fazer parte de um Coletivo que no início tinha 50 pessoas. Fizemos passeatas que duravam o dia inteiro, também havia reuniões toda a semana, era lindo de se ver.
Lá estava eu de volta pro mundo real.
Participando, sendo cidadã pra valer!
Atuando no Estado Democrático de Direito.
Fomos ouvidos, sim conseguimos fazer com que a população abrisse os olhos, por um instante foi divulgado para o mundo a situação dos guarani-kaiowá da nossa região, a miséria dos nossos irmão, a violência física e psicológica que eles enfrentavam no seu cotidiano.
Essa semana também aconteceu a abertura da exposição com 20 quadros dos artistas que pintaram durante a manifestação de novembro, a mostra vai durar até o final de abril.
O Coletivo fez uma programação extensa com atrações artísticas durante o decorrer do mês.
Fiquei com um vazio no peito, pensando....será a ultima batalha do Coletivo?
Eu não vou mais em todas as reuniões.
Talvez  por estar tão corrida, de tudo o que me consome, trabalho, filho, casamento, não consigo ser mais aquela idealista, romântica, apesar de ainda estar tão vivo em mim esse lado revolucionário.
Não quero olhar para trás e pensar que desisti.
E ser como a maioria: viver a pão e circo.
O negócio é fazer as pessoas se juntarem de novo.
Acreditar além do óbvio.
Eu não sei....
Caras como Feliciano me faz desacreditar, perder a fé.
Absurdos que acontecem e todos fingem que está tudo bem.
Dona Dilma, a ex-guerrilheira, mandando a Força Nacional exterminar o povo Munduruku.
Manifestantes no Rio indo pra cadeia só porque estão exercendo o direito da liberdade de expressão.
Homossexuais agredidos por amar livremente.
Como diz a minha irmã: Pare o mundo, eu quero descer!
Mas vou seguindo o meu caminho....acreditando.
"Quem quiser gostar de mim eu sou assim"


domingo, 31 de março de 2013

3 vinhos na bagagem

20 filmes no HD

1 mês e 2 dois dias pra chegar

450 Km a percorrer

28 álbuns pra sair cantarolando

7 amigos a tiracolo

O rio Paraguay.....e suas nuances,

Corumbá e seus desenganos,

entardecer degustando "Paceña"

fumando singelamente,

nas entrelinhas do ser.

É a liberdade infinita,

de sair por aí,

e ter braços pra se acomodar,

diversão garantida,

de papos despretensiosos.

gargalhadas sobrepostas.

Um brinde:







sexta-feira, 8 de março de 2013

Mulheres

" A cada mil lágrimas saí um milagre"....canta Alzira.

Penso então nas mulheres violentadas, e pior, pelos seus maridos.
Ou mesmo nas mulheres espancadas pelos seus filhos.
Eu sou mulher feita de 31 anos e já sofri na pele um tipo de violência apenas porque tenho "perereca".
Tinha apenas 19 anos.
Reencontrei o algoz depois de 10 anos e joguei na cara dele o meu trauma daquela noite, ele simplesmente não lembrava.
Fácil e cômodo para os homens esquecer o que eles tem de pior.
Fiquei um bom tempo sem querer me relacionar, depois fiz muitas besteiras, encontrei novos algozes, e foi nesse momento que comecei a ler Simone de Beauvoir.
Ela foi a minha salvação, comecei a entender porquê me sentia daquele jeito.
Eu sou feminista mesmo!
Não topo limpar a casa sozinha, não topo ser sustentada, não quero ficar com alguém só por medo da solidão, não me vejo como uma bunda apetitosa, e renego o rótulo de Barbie.
Quando era criança cortava o cabelo da Barbie bem curtinho, jogava tinta guache, ela era a minha Barbie punk.
Quando eu era criança via a minha mãe todos os dias ir trabalhar, depois voltava pra casa e dava conta de 3 filhos, a minha mãe é o meu templo, sem ela não sou ninguém, me espelho nela, sempre vai ser assim.
Ensino o Antônio a não ser machista, quando ele tinha 3 anos ganhou uma pia de presente para aprender lavar a louça, já o levei na "Marcha das Vadias", e hoje ele foi comigo no Ministério Público ver uma palestra sobre violência doméstica.
O meu mundo é esse.....os meus dois trabalhos de conclusão de curso ( no jornalismo e no direito) foram ligados ao feminismo, eu gosto de ter nascido mulher, acho que a nossa luta vale a pena, e não pode parar!
Tem muita coisa torta por aí.......tem muito homem que se acha o rei da  cocada preta e não aceita perder a mulher, aí prefere acabar com ela, pra ela não ser de mais ninguém.
Ainda há a questão da tripla jornada de trabalho: a mulher cuida da casa, trabalha e muitas vezes só porque está casada tem que se submeter ao apetite sexual do marido, sem realmente estar com vontade.
Eu não vou enumerar todas as desigualdades que infelizmente ainda existe nesse mundo, tenho que ir pro trabalho, mas acho que vocês já entenderam a mensagem.



 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

EU X Consciência

EU: Vamos fazer um acordo consciência?
Deixa de se achar tão espertona....
Consciência: Do que você tá falando?
EU: Porra, mano.....tá me fritando!
Primeiro que estou tentando entender porque vc se achou tão bacanérrima no domingo, ficou latejando porque resolveu algumas questões de raciocínio lógico, depois me fez acreditar que havia alguma esperança!
Consciência: Poxa, dei o meu melhor.....vc também não estudou tanto, fala sério! E outra, lembra que aquela matéria daquele professor chinfrim eu não conseguia entender patavinas.....
EU: É, vc tem razão...sempre tem! Aí consciência, o que será de nós?
Consciência: Calma...pega leve! É a terceira vez que vc está menstruada esse mês, os seus hormônios devem estar doidinhos....acho que é muita pressão !
EU: Sabe, minha amiga, acho que vou tomar umas... ( pra variar).
Consciência: É melhor.....vai lá!
EU: Tá com saudade da terapia?
Consciência: Ah, sim, ela sempre faz falta.
EU: Quando tiver dindim prometo que vou te fazer transcender em lugares que vc sempre quis conhecer!
Consciência: Até imagino......como no passado!
EU: Vai ser melhor! O passado sempre me pega pelas costas, tá lá de tocaia, esperando o momento certo pra me abocanhar.
Consciência: Ah, vá acender uma vela pra Oxalá como o preto véio mandou.
EU: O preto véio tinha razão, sabe, ele me perguntou "Vc merece passar nesse concurso"?
Consciência: Bicho, como vc é otária....ainda não percebeu? As coisas definitivamente não acontecem pra vc, porque vc se faz de coitadinha....fica achando que não merece nada, fica se lamentando, vá estudar, porra!
EU: mi mi mi ......ok! Tá certo!
Consciência: Levanta essa cabeça! Sacode a poeira.....vc não é a tal da revolucionária???
EU: é.....parece que passo essa imagem....
Consciência: Caralho, vc é! Filha de Dona Irma, neta de paraguaios explorados na Mate Laranjeira....a sua luta é hoje, agora, arme barricadas, "A imaginação no poder"...lembra não, 1968?
EU: Ainda vou tatuar 1968 e "Seja herói, seja marginal"....é muito pala?
Consciência: não.....vc exala tudo isso daí, e foda-se o goleiro!
EU: Vc está me lembrando o Cris.....
Consciência: Eu sou um pouco parte dele viva em vc!




quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Eu e o tiro na cabeça

Quem não tem vontade em alguns momentos de se dar um tiro na cabeça e acabar com tudo de uma vez?
Até a minha mãe me disse esses dias que não aguenta mais.....ela que enfrenta tudo e todos.
Eu, com meus 31 anos, tenho essa vontade hoje.
Não tenho armas....nem remédios suficiente.
A vontade passa: escute "The Bends" do Radiohead!
 É o que diz a razão;o coração só sente e pertuba.
Cada dia na minha vidinha ordinária é uma baita luta.
Estou descobrindo que não sou boa em nada.... não sirvo pra ser esposa, nem dona de casa, nem mãe.
Aliás, o meu filho já deixou bem claro: Mãe, você está em segundo lugar na minha vida.
Devo ter feito uma merda muito grande para ele pensar desse jeito.
Vai se revelando pra mim que a partir do momento que tento ser eu mesma ninguém me aguenta.
E a qualquer instante posso ficar só, de verdade.
Acho que a solidão seria o pior pesadelo.
Aí sim, daria um tiro na cabeça.
Ou não, descobriria a liberdade de ser eu mesma.
E me aceitar, talvez eu não tenha nascido pra ser um sujeito social.
Deve existir alguma teoria que aborda tal questão.
Do que adianta ter tudo isso se ao decorrer dos dias vou me aniquilando cada vez mais?
Qual o sentido então ?
Pra quê ter uma casa tão grande se em nenhum canto escuto a voz do Antônio?
Pra quê um carro novo se não tenho pra onde ir?
Pra quê tantos amigos no facebook se quando eu mais preciso não tenho ninguém?
Porque o meu melhor amigo foi morar na gringa?
Isso realmente não faz sentido....
Estou começando a entender: sejamos todos robôs.....máquinas, sem ideias, nem sentimentos.
Vamos todos nos tornar uma mesma massa.
Sem questionar, psiu....aqui é proibido ser diferente.
O governo pode fuder com a aposentadoria dos servidores públicos com as suas milhares de Emendas Constitucionais, e eles não podem sequer fazer greve ( não há e nunca haverá lei que regulamente tal direito).
Então qual é a finalidade de servir o interesse público se ele não está interessado em mim?
Ah, sim, temos um único interesse: Impostos!
Todos os meus escritos sentimentais acabam por se tornar escritos políticos.....
Não é à toa que eu sou eu mesma.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Samba

Quando começou o samba veio a chuva.
O vento refrescante e  pingos invadindo copos de cerveja.
Estava começando a ficar lotado o bloco.
E as pessoas atrapalhavam o tráfego dos carros.
O samba veio pra ficar.
Era carnaval outra vez.
"Não me diga mais quem é você".
Era pleno o sentimento de que tudo fazia sentido novamente.
As pessoas se amontoavam dentro do buteco.
Cerveja a toda hora, um empurra -empurra, sorrisos.
 A comunhão de estar bem.
Ou não, o samba alivia tensões.
Gostava daquela geleia geral.
E foi andando por aí.
Deixando o coração vagabundo se desacostumar.
Vai pra casa ouvir Lupicínio Rodrigues.
Não volta.
"Amanhã tudo volta ao normal".
Sozinha.
Não procura mais.


segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Concurseira

Ficava até a última meia hora da prova.
Saía com o caderno de questões para conferir depois.
Estudou pouco, na verdade nem ia estudar para a tal prova.
Olhou o edital e achou que daria tempo de dar uma checada por cima.
Gostou de estudar direito eleitoral.
Pela primeira vez na vida não se sentiu pressionada.
Comprou uma garrafa térmica de café de 250 ml, queria fazer como Simone de Beauvoir.
Acordou às 6 da matina.
Estava ansiosa.
Não queria ovos mexidos.
Podia ser a "chance".
Podia ter sorte.
Podia chutar algumas respostas e acertar.
Podia ser livre.
Podia fazer sua mãe se orgulhar.
E o filho iria falar: mãe, dessa vez eu nem torci e você conseguiu passar!
Dois dias depois saiu o gabarito.
Errou todas as questões do "Manual da Presidência".
Não sabia mesmo escrever um memorando.
Sempre que corrigia as provas dava aquela sensação de pânico.
Não conseguia escutar ninguém.
Acertou apenas 50% da prova.....sem chances.
Fica mal por um tempo.
Pensa que se tivesse estudado......se tivesse.
Esse "se" chato, de probabilidades infinitas.
Acha que gosta de se torturar.
Ficar com o caderno de questões esperando o gabarito é demonstração plena disso.
Vamos lá: Avante!
Estuda, estuda, estuda.
Você tem 2 faculdades, porra!
Sabe tudo de cinema.
Acabou de adquirir: Trainspotting, Easy Rider e Jackie Brown.
Está lendo a história do Sartre com a Beauvoir.
Quase comprou a biografia do Mariguella ( faltou $$).
Está entendendo racíocinio lógico (ÓÓÓ).
Paciência minha cara.
Seu dia vai chegar.
Leia a "Arte da Guerra" ou algo do tipo.
Não deixe de viver, nem de sonhar.
Acostume-se com as derrotas.
Eleja um parâmetro, uma pessoa, um mito.
E vá....."um passo a frente e você não está mais no mesmo lugar".
Forme barricadas.
Enfrente o tigre.
Ande,
a vida....."o mundo dá volta camará" !