Total de visualizações de página

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Romance ideal

E não foi amor a primeira vista. Porque a gente já se conhecia há anos. Eu acho que até o paquerei um pouco no ínicio, quando o conheci, mas isso nem conta, porque naquela época paquerava todo mundo. E não existia uma atração com feedback, ele não me olhava com interesse.
Depois sumiu do mapa, eu também me apaixonei perdidamente por outra pessoa.
E fomos vivendo, um pra cada lado, raramente o encontrava e se acontecia era de relance.
E aí teve um dia que nos esbarramos num bar.
E conversamos por horas.
Parecia até que nem fazia tanto tempo que eu não o encontrava.
Parecia que éramos melhores amigos.
E essas coisas da vida e do coração que não tem explicação.
Tínhamos o mesmo anseio por liberdade.
Mudar o mundo era o que nos movia.
Fazer barrificadas, fechar as ruas, abrir as vias.
A política do dia-a-dia, ações diretas, um outro mundo possível.
Ó abre-alas que eu quero passar !
Advogados libertários, eis a nossa profissão.
E como não se apaixonar nesse mar de possibilidades ?
Eu já não tinha como disfarçar.
No começo me senti muito culpada.
Não entendia meus sentimentos.
Mas uma coisa era certa: não queria cometer os mesmos erros.
Pensava que depois que me separasse, ele iria me encarar, me abraçar e pronto.
Logicamente não foi nada disso que aconteceu.
Nessa noite tão esperada, ele ironicamente disse: A vida é dura !
Aprendi na marra que o romance ideal só existe em filmes.
Woody Allen que o diga !
Pensei então: enfim, só !
A maturidade dos 30 nos faz sofrer, só que, pelo menos pra mim, é mais fácil levantar a cabeça e seguir em frente. Olhar para trás é inevitável, contudo a estrada adiante é mais interessante.
Fui.....durou  duas semanas?
E ele veio até a mim.
Sem medo, sem receio, do jeito que eu nem sabia mais que poderia ser.
Porque já estava cansada de ter que forçar a barra.
Nos outros relacionamentos, eu sempre tava ali, esperando, meio que cobrando inconscientemente.
Agora estamos aí, juntos, caminhando.
A luta é inevitável.
E debatemos política, e também fazemos amor, e entre um cigarro e outro, dormimos.
Vamos viajar, e já acho que o Woody Allen acerta em cheio nos seus romances improváveis.
Tenho uma saudade louca daquilo que nem aconteceu.




Um comentário:

Unknown disse...

Ai fofinha...advogada libertária e poetisa!!!! Teamodoro cheio de saudades!!!! Bjao do cris